Fernando Santos cumpriu em 10 de janeiro de 1988 o primeiro dos seus 1.000 jogos como treinador principal de futebol, registo histórico que completa hoje na Sérvia, no 81.º ao comando da seleção das ‘quinas’.
Em encontro da 16.ª jornada da Zona Sul do Campeonato Nacional da II Divisão, o segundo escalão do futebol português, Fernando Santos, então com 33 anos, metade dos atuais 66, estreou-se ao comando do Estoril Praia, que representara como futebolista, com um empate caseiro a um golo com o Barreirense.
O central Paulinho, posteriormente jogador do Benfica (1988/90), adiantou o conjunto da Linha, aos 51 minutos, mas Jorge Ferreira, que chegaria a internacional ‘AA’, na passagem pelo Vitória de Setúbal, respondeu, aos 79.
Segundo as crónicas de então, os “forasteiros foram felizes”, mas embora o resultado possa ser “injusto para a equipa da casa”, ele “aceita-se dada a incapacidade concretizadora” dos jogadores do Estoril Praia, num jogo com “boa arbitragem” de Miranda Dias.
Nesse embate, Fernando Santos apresentou um ‘onze’ com Sérgio na baliza, uma defesa com Vinhas, Martins, Paulinho e José Carlos, um trio no meio-campo (Borreicho, Eugénio e Jorge Pereira) e um ataque com Martinho e os ‘perdulários’ Pedro e Roberto.
Ao intervalo, o então estreante técnico lançou Carlitos, em substituição de Vinhas, e, aos 71 minutos, quando vencia por 1-0, trocou Martinho por José Pedro.
“O Estoril Praia foi a melhor equipa em campo. A haver um vencedor, só poderia ser o Estoril. O estado do terreno de jogo foi o nosso principal adversário”, disse, então, Fernando Santos, claramente inconformado com o empate.
Foi, assim, com uma igualdade que podia ter sido uma vitória que Fernando Santos começou a carreira de treinador principal, forçada, dias antes, pela saída do clube daquele que era o seu chefe de equipa, o ex-guarda-redes António Fidalgo.
Fidalgo liderava a equipa técnica que integrava Fernando Santos, que acabara a carreira de jogador, ao serviço dos ‘canarinhos’, quando, em janeiro, foi convidado para orientar o Salgueiros, que militava na divisão principal.
Com a saída do ex-guarda-redes de Benfica e Sporting para o clube de Vidal Pinheiro, o jovem técnico passou de adjunto a principal no Estoril Praia.
Fernando Santos foi uma solução de recurso, a que estava à mão, mas mostrou que estava preparado para o cargo, no qual permaneceu mais de seis anos, até à segunda metade da temporada 1993/94.
No Estoril, foi quarto na Zona Sul do Campeonato Nacional da II Divisão em 1987/88 e sexto em 1988/89 e 89/90, para, em 1990/91, na primeira edição da então II Divisão de Honra, subir os ‘canarinhos’ ao convívio com os ‘grandes’, com um segundo posto.
A sua estreia na divisão principal fez-se com um 10.º lugar, depois foi 13.º em 1992/93, antes de sair após a ronda 22 do campeonato de 1993/94, na sequência de um desaire por 2-1 na visita ao Sporting de Braga, em 06 de março de 1994.
Fernando Santos não resistiu aos maus resultados (duas vitórias, sete empates e 13 derrotas), traduzidos no 18.º e último lugar da tabela, com 11 pontos, a seis das equipas imediatamente acima, o Beira-Mar, o Vitória de Setúbal e o Famalicão.
O seu sucessor foi Carlos Manuel, ex-jogador de Benfica e Sporting, que assumiu as funções de treinador/jogador e não conseguiu salvar os ‘canarinhos’ da descida, mantendo-se no último lugar da classificação até final.