Ponte da Barca reclama integração na Rede Mundial das Cidades Magalhânicas.
A Câmara de Ponte da Barca reclamou esta quinta-feira a integração do município na Rede Mundial das Cidades Magalhânicas, por defender que o navegador é natural daquele concelho, e não do Porto ou de Sabrosa, em Trás-os-Montes.
“Pretendo deixar claro que, como eleito para representar Ponte da Barca, não me conformarei com a usurpação da relação desta terra com Fernão de Magalhães. Solicito que, prontamente, Ponte da Barca receba convite formal para integrar a referida rede”, afirmou o autarca socialista, Vassalo Abreu.
Caso isso aconteça, disse que “não se oporá e até apoiará” a candidatura da Rota de Magalhães a Património Mundial mas avisou que se tal não acontecer “tudo fará no sentido de evitar o sucesso” daquela classificação.
“Admitindo a integração de Sabrosa (e Vila Nova de Gaia, onde terá residido), não pactuarei com o pressuposto infundado e falso de que Fernão de Magalhães será natural de Sabrosa”, defendeu o autarca que há vários anos encetou o processo com vista ao reconhecimento daquele concelho como a “terra de Fernão de Magalhães”, tese que assentou em “historiadores de renome”.
“Estudos históricos mais recentes dão como mais provável a naturalidade do navegador ao território da Nóbrega”, facto que é totalmente esquecido pela referida Rede” disse.
“Não nos parece correto ao nível da isenção e da crítica desejável em todo e qualquer projeto de âmbito histórico”, acrescentou.
O processo de candidatura à UNESCO é liderado por Portugal, e poderá estar concluído em 2019, ano em que arrancam as comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães.
A Rede Mundial das Cidades Magalhânicas, que envolve cidades e localidades a nível mundial, é a entidade responsável pela candidatura, e tem como porta-voz o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques.
Vassalo Abreu defendeu que o processo “deve ser pautado pelo rigor” e sustentou que, “a relação de Fernão de Magalhães com Sabrosa, é cientificamente demonstrada ser um logro, fruto de documento forjado por quem queria obter vantagem com herança”.
“Respeitaremos a lenda – a fraude consolidada e tida por verdade popular, mesmo sendo de facto mentira – desde que se respeite a verdade”, avançou.
Fernão de Magalhães terá nascido na Primavera de 1480 e, ao serviço do rei de Espanha, comandou a expedição marítima que efetuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo.
Invocou “inúmeros estudos sérios e rigorosos”, entre eles de António Baião, “pioneiro dessa ideia, como atestam as obras editadas 1905 e 1921”, seguido de Queirós Velozo, em 1938, e mais recentemente, de Amândio Barros, investigador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e especialista em história marítima dos séculos XV e XVI.
“Tanto na primeira investigação que publicou em 2009, como no livro “O Homem que navegou o Mundo. Em busca das origens de Magalhães”, que lançou em novembro último em Ponte da Barca, Amândio Barros atribui àquele concelho o título de berço do navegador”, explicitou.
“Na página 33 desta obra, o autor salienta que (…) a História já provou que, com certeza absoluta, Fernão de Magalhães não nasceu em Sabrosa, com certeza absoluta, Fernão de Magalhães é natural do Entre Douro-e-Minho, com quase a certeza, Fernão de Magalhães é natural de Ponte da Barca”, destacou.
Aquela Rede Mundial foi lançada em 2013, e integra as cidades de Ushuaia, Sevilla, San Lúcar de Barraneda, Porvenir, Praia, Rio de Janeiro, Montevideo, Tenerife, Granadilla de Abona, Lisboa, Tidore, Porto, Guetaría, Buenos Aires, Punta Arenas, Cebú, Guam, Tidore, Brunei, Sabrosa, San Gregorio, Puerto San Julián, Ciudad del Cabo e Vicenza.