O Ministério Público solicitou ao final da tarde desta quarta-feira a condenação para todos os acusados de envolvimento no incêndio ateado numa oficina de motos, visando indemnizações da companhia de seguros, situada em Arcos de Valdevez, no qual faleceu o suspeito de ter colocado fogo.
Neste julgamento são arguidos um casal e a namorada do suspeito que faleceu nas chamas ateadas durante a madrugada de 04 de janeiro de 2020, na oficina e stand de motos “Moto Racing 21”, à face da estrada que liga a Monção. A vítima, Gael da Cunha, de 25 anos, foi encontrada, já morta, nos escombros, conforme deu conta na O MINHO no local.
De acordo com a acusação do Ministério Público, cuja procuradora pede condenação para o casal e admite menor prova relativamente à namorada da vítima, justifica-se a condenação dos três arguidos pelo crime de incêndio em construção, na base do fogo posto.
A motivação de dois dos arguidos era a de serem indemnizados pela companhia de seguros, por atravessarem dificuldades financeiras e terem interesse em destruir uma parte das motos, pelo menos todas as que tinham proveniência ilícita ou estavam numa situação ilegal.
As investigações da Polícia Judiciária de Braga, para além de terem reconstituído todos os passos antecedentes do crime, apuraram que meses antes do incêndio doloso tinha sido reforçado o montante segurado, uma situação que proporcionaria a consumação do crime.
Para o eficiente desempenho do incêndio foram comprados três bidões de gasolina, num total de 75 litros, em Viana do Castelo, tendo o interior do stand e oficina “Moto Racing 21”, na localidade de Ribeirinho, da freguesia de Parada, concelho de Arcos de Valdevez, sido regado com aquele combustível, por parte de Gael da Cunha, que acabou por falecer em consequência de duas fortes explosões e da carga térmica.
Segundo o advogado, Tiago Ferreira Freitas, que defende o casal arguido, não se fez prova suficiente para os dois clientes, residentes em Arcos de Valdevez, serem condenados por crimes de incêndio em edifício, como afirmou, no Palácio da Justiça de Viana do Castelo, pugnando pela absolvição pura e simples de ambos, por durante o julgamento não terem sido, segundo o mesmo causídico, feitas evidências bastantes que comprometam o casal, cujo marido está ainda acusado pelo crime de tentativa de burla, relativamente a seguros.
Já para a advogada Juliana Neves, que defende a namorada da vítima mortal, a prova para esta jovem é ainda mais ténue, sendo que no limite terá auxiliado o seu companheiro, por quem estava apaixonada, nos atos preparatórios do incêndio, só que nunca participou no atear do incêndio, então combatido pelos Bombeiros Voluntários dos Arcos de Valdevez, não se justificando, na perspetiva da causídica, condenar a jovem pelo crime de incêndio.