O Ministério Público pediu, esta quinta-feira, no Tribunal de Braga a condenação pelo crime de recetação de uma mulher de Braga julgada sob a acusação do Ministério Público de ter assaltado, em 2015, com o seu então companheiro, Mário Fernandes, a casa do empresário Domingos Névoa, em Braga, furtando um Mercedes e 35 objetos valiosos.
Pedido que estendeu aos outros nove arguidos, alegadamente membros de dois grupos que assaltaram o banco Santander, em Braga e dez vivendas nos distritos de Braga e de Viana do Castelo
A Procuradora considerou, nas alegações finais, que a arguida não terá participado no assalto, mas aceitou ficar com os objetos, bem sabendo que lhe não pertenciam, no caso, e entre outros, com uma mala Luís Vitton e uns óculos da marca Prada, propriedade da filha do empresário.
A mulher foi encontrada, em fevereiro de 2017, pela filha de Névoa na Farmácia Pipa com a mala, que a reconheceu, dado que, a tinha personalizado, aquando da compra. Dirigiu-se-lhe, mas ela fugiu do local. Mais tarde, pesquisou no Facebook e viu que tinha postado uma foto com uns óculos iguais aos seus.
O MP diz que o casal, desagradado com os termos de um acordo de pagamento de uma dívida para com a firma Carclasse, do empresário, decidiu assaltar a sua vivenda. Ao todo, o carro furtado e os 35 objetos, valem 117 mil euros.
Em julho de 2017, a GNR encontrou na casa de Cristina e de Mário, quatro dos objetos furtados.
Todos condenados
Ontem, o MP pediu a condenação dos dez arguidos julgados por assaltos ao banco Santander e a vivendas na região minhota, embora em alguns, poucos, casos, tenha «deixado cair», pedindo a absolvição, alguns crimes.
O julgamento envolveu dois grupos diferentes: um o que fez o assalto ao Santander (quatro milhões de euros) e à vivenda do cantor Delfim Júnior, nos Arcos de Valdevez – que rendeu 280 mil euros – e a um restaurante em Ponte de Lima, onde foram furtados 200 mil.
Para este grupo, que inclui o agente da PSP Carlos Alfaia e três outros arguidos, a magistrada pediu a condenação por associação criminosa e por furto qualificado.
Para o outro, que fez assaltos mais pequenos ou menos rendosos, solicitou a absolvição deste crime, embora sugerindo a condenação por furto. Neste caso, considerou que, e ao contrário do que assaltou o Santander não houve uma estrutura organizativa, de tipo criminoso, entre os envolvidos.
4,7 milhões
Conforme O MINHO tem divulgado, o Ministério Público avaliou, na acusação, em 4,7 milhões de euros, sem contabilizar a moeda estrangeira, o dinheiro furtado. Só no banco levaram 2,6 milhões em dinheiro e 400 peças guardadas em 52 cofres. Ao todo, quatro milhões. De entre os lesados estão, também, o empresário Domingos Névoa, o cantor limiano Delfim Júnior, e o médico e antigo atleta do SC Braga, Romeu Maia.
Associação criminosa
O MP considera como mentor da “associação criminosa” o arguido Joaquim Marques Fernandes (de Priscos, Braga) que terá criado o gangue com Vítor Manuel Martins Pereira (de Vila do Conde), Luís Miguel Martins de Almeida (Braga) e Rui Jorge Dias Fernandes (Braga). Os quatro estão em prisão preventiva.
Oito dos nove arguidos estão acusados de associação criminosa e de furto qualificado. O caso envolve o agente da PSP Carlos Alberto Alfaia da Silva, de Ponte de Lima que dava informações, a troco de dinheiro, sobre quais as casas a assaltar. Engloba, ainda, Paulo Sérgio Martins Pereira, (irmão do Vítor), de Famalicão, Mário Marques Fernandes, de Braga, André Filipe Pereira, de Famalicão, e Manuel Oliveira Faria, de Braga.
O bando atuou “pelo menos desde 2017 até Junho de 2018, em Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima e Arcos de Valdevez”. Utilizava recursos tecnológicos sofisticados para praticar os assaltos, como inibidores de telecomunicações, de alarmes, e até para neutralizar cães.
Classe média alta
Escolhiam casas de pessoas da classe média alta e estudavam os hábitos dos seus proprietários. Usavam sete viaturas.
Os assaltos, feitos de noite, passaram pela casa de José Rodrigues Ribeiro, em Mire de Tibães, Braga. Os objetos, dinheiro, ouro e informática, eram transportados para casa de um deles e divididos de imediato. No dia seguinte, iam pagar dívidas e depositar dinheiro.
Seguiu-se uma residência na Areosa, em Viana do Castelo, (de onde nada levaram) depois outra em Tenões, Braga. Em 2018, fizeram uma no Areal de Cima, em Braga e a Quinta da Carcaveira, em Ponte de Lima. Seguiu-se uma casa em Braga, com quadros valiosos. Para guardar os objetos alugaram um armazém em Barcelos.
Cantor e empresário
Em abril foram a casa do cantor Delfim Júnior, nos Arcos de Valdevez. Trouxeram 190 mil em notas e várias outras estrangeiras. Levaram, ao todo, 230 mil.
Outra vítima foi o médico Romeu Maia Barbosa, ex-atleta e diretor clínico do SC Braga. O bando começou por lhe furtar um BMW. Depois assaltaram-lhe a casa, levando dezenas de produtos.