O padre António Magalhães Sousa, das paróquias de Dornelas, Figueiredo, Paredes Secas e Vilela, no arciprestado de Amares, teceu hoje duras críticas à visita da nova comissão política do PSD de Braga ao arcebispo D. Jorge Ortiga, realizada na passada terça-feira.
De acordo com João Granja, líder do PSD local, em declarações a O MINHO, a visita terá servido para ajudar a normalizar as relações institucionais, que têm sido toldadas por alguns litígios, mormente o que opôs a Câmara à Arquidiocese em Tribunal por causa da posse do Parque da Ponte.
Mas o sacerdote, conhecido por tomar posições cáusticas em relação a diversos assuntos, desconfia das reais intenções dos políticos, afirmando que “há notícias que nos surpreendem, ou não…”.
“Quem preside aos destinos políticos de Braga? Que relação tem mantido com a Igreja? Basta citar, de cor, o Parque da Ponte de São João (em Tribunal) ou as polémicas relativas aos bares e estacionamento junto à Sé Catedral. Tudo ações de gente de bem…”, escreveu o pároco na página de Facebook “Sopro e Vida”, cuja autoria é da sua responsabilidade, acompanhando o texto com uma notícia do Diário do Minho, conhecido jornal de Braga de inspiração cristã.
O padre Magalhães considera que esta visita se realizou “porque os votos dos católicos também contam”.
“(…) têm a santa decência de ir visitar o responsável máximo da Arquidiocese para lhe transmitir admiração e gratidão por tudo o que tem feito em prol da cidade. Tão queridos! De facto, a misericórdia, compaixão, perdão, arrependimento são ingredientes abundantes de parte a parte. Fico estarrecido”, ironiza.
“Quem está de fora, vê e acaba por não saber se rir ou chorar. Uns defendem a Igreja e o seu património e são queimados (enxovalhados) na praça pública, alvos de comentários corrosivos nos atuais areópagos; outros vão, por trás qual virgens impolutas, branquear e pactuar com tais modos sujos e obscenos, sem avaliar (considerar) o mal que fazem a si mesmos, aos outros e à própria Igreja”, acusa.
O clérigo diz que “quando se trata de massagens no umbigo, votos, zelar por tachos e poleiros vale tudo, até conspurcar a inteligência e memória dos cidadãos e trair aqueles que verdadeiramente vivem e servem o bem comum. Sem surpresa. Tendo em conta os diferentes currículos e modus operandi, não esperava outra coisa”, finaliza.
A publicação acabou por ser reproduzida pelo cónego José Paulo Abreu, Vigário Geral da Arquidiocese de Braga, que também já havia deixado críticas à autarquia, acusando-a de se querer “apropriar do Parque da Ponte”.