Comboios hispano-italianos querem ligar Portugal à Galiza

Alta Velocidade

A operadora ferroviária hispano-italiana Iryo, que quer ligar Lisboa à Corunha e a Madrid, disse hoje à Lusa que o agora conhecido apoio de Bruxelas pode “aliviar os atuais obstáculos” às ligações, como a necessidade de novas infraestruturas.

Fonte oficial da Iryo agradeceu, numa posição transmitida em resposta a questões da Lusa, “o apoio” da Comissão Europeia às conexões, tornado público na terça-feira, considerando-o “muito importante para permitir a viabilidade destes serviços, aliviando os atuais obstáculos”.

“Entre esses obstáculos”, asseguram, está “a necessidade de elaborar um projeto conjunto de desenvolvimento de infraestruturas que implique Espanha e Portugal”, referindo a mesma fonte que o interesse da Iryo neste ponto é “a sua participação ativa na Associação Sudoeste Ibérico”.

O projeto de novas ligações entre Lisboa e as cidades espanholas de Corunha e Madrid foi um dos 10 selecionados para apoio comunitário pela Comissão Europeia, no quadro do plano de ação para impulsionar o transporte ferroviário de passageiros transfronteiriço.

No nono lugar da tabela – sem uma data específica –, surge o novo serviço ferroviário, de alta velocidade, entre Lisboa e a cidade da Corunha, na Galiza, e a nova ligação entre as capitais portuguesa e espanhola.

O projeto é da ILSA, sociedade dona da marca Iryo que é detida em 55% pela companhia aérea espanhola Air Nostrum e em 45% pela transportadora ferroviária italiana Trenitalia.

A Iryo lançou os seus serviços de alta velocidade ferroviária em Espanha em novembro do ano passado, operando entre Madrid e Barcelona, adicionando um serviço para Valência em dezembro e planeando ligações a Sevilha e Alicante para este ano.

Para a Iryo, o projeto-piloto de ligação tranfronteiriça ibérica “pode ajudar a dar o impulso necessário à liberalização efetiva do setor ferroviário em Portugal com a entrada de novos operadores”, algo que, na sua visão, suporá “benefícios muito positivos para os passageiros, já demonstrados noutros países”.

A Iryo afirma ter, “desde a sua origem, um marcado caráter europeísta, com a convicção de que o comboio acabará por ser a primeira opção de todos os viajantes, por ser a mais sustentável e confortável”.

A Lusa tinha questionado diretamente a Iryo sobre prazos, sobre se o serviço estava dependente da ligação em alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo e se era sua intenção utilizar a ligação entre Évora e a fronteira, mas a empresa optou por transmitir uma resposta mais genérica.

Na sexta-feira, as ordens dos Engenheiros e dos Economistas defenderam que o desenvolvimento da alta velocidade ferroviária entre Braga, Porto e a Grande Lisboa “é prioritário”, defendendo ainda uma reflexão sobre o traçado entre a capital portuguesa e Madrid.

As ordens profissionais apontam que a ligação entre Lisboa e Madrid “deverá ser objeto de aprofundada reflexão e de estudos técnicos, porquanto não está garantido que o traçado atualmente pensado seja o que melhor serve os interesses do país”.

Quanto à ligação entre Porto, Braga e Vigo, “deve ter o mesmo tratamento de traçado exclusivo, cujos tempos médios não devam ser prejudicados face aos restantes traçados”.

 
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