A operadora ferroviária hispano-italiana Iryo, que quer ligar Lisboa à Corunha e a Madrid, disse hoje à Lusa que o agora conhecido apoio de Bruxelas pode “aliviar os atuais obstáculos” às ligações, como a necessidade de novas infraestruturas.
Fonte oficial da Iryo agradeceu, numa posição transmitida em resposta a questões da Lusa, “o apoio” da Comissão Europeia às conexões, tornado público na terça-feira, considerando-o “muito importante para permitir a viabilidade destes serviços, aliviando os atuais obstáculos”.
“Entre esses obstáculos”, asseguram, está “a necessidade de elaborar um projeto conjunto de desenvolvimento de infraestruturas que implique Espanha e Portugal”, referindo a mesma fonte que o interesse da Iryo neste ponto é “a sua participação ativa na Associação Sudoeste Ibérico”.
O projeto de novas ligações entre Lisboa e as cidades espanholas de Corunha e Madrid foi um dos 10 selecionados para apoio comunitário pela Comissão Europeia, no quadro do plano de ação para impulsionar o transporte ferroviário de passageiros transfronteiriço.
No nono lugar da tabela – sem uma data específica –, surge o novo serviço ferroviário, de alta velocidade, entre Lisboa e a cidade da Corunha, na Galiza, e a nova ligação entre as capitais portuguesa e espanhola.
🚅 Let’s make train connections across the EU more frequent and affordable.
Today, we announced 10 pilot rail projects to boost cross-border train services and offer new connections between EU cities, from Lisbon to Stockholm.
Discover them ⬇
— European Commission 🇪🇺 (@EU_Commission) January 31, 2023
O projeto é da ILSA, sociedade dona da marca Iryo que é detida em 55% pela companhia aérea espanhola Air Nostrum e em 45% pela transportadora ferroviária italiana Trenitalia.
A Iryo lançou os seus serviços de alta velocidade ferroviária em Espanha em novembro do ano passado, operando entre Madrid e Barcelona, adicionando um serviço para Valência em dezembro e planeando ligações a Sevilha e Alicante para este ano.
Para a Iryo, o projeto-piloto de ligação tranfronteiriça ibérica “pode ajudar a dar o impulso necessário à liberalização efetiva do setor ferroviário em Portugal com a entrada de novos operadores”, algo que, na sua visão, suporá “benefícios muito positivos para os passageiros, já demonstrados noutros países”.
A Iryo afirma ter, “desde a sua origem, um marcado caráter europeísta, com a convicção de que o comboio acabará por ser a primeira opção de todos os viajantes, por ser a mais sustentável e confortável”.
A Lusa tinha questionado diretamente a Iryo sobre prazos, sobre se o serviço estava dependente da ligação em alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo e se era sua intenção utilizar a ligação entre Évora e a fronteira, mas a empresa optou por transmitir uma resposta mais genérica.
Na sexta-feira, as ordens dos Engenheiros e dos Economistas defenderam que o desenvolvimento da alta velocidade ferroviária entre Braga, Porto e a Grande Lisboa “é prioritário”, defendendo ainda uma reflexão sobre o traçado entre a capital portuguesa e Madrid.
As ordens profissionais apontam que a ligação entre Lisboa e Madrid “deverá ser objeto de aprofundada reflexão e de estudos técnicos, porquanto não está garantido que o traçado atualmente pensado seja o que melhor serve os interesses do país”.
Quanto à ligação entre Porto, Braga e Vigo, “deve ter o mesmo tratamento de traçado exclusivo, cujos tempos médios não devam ser prejudicados face aos restantes traçados”.