Declarações após o Gil Vicente-FC Porto (0-2), jogo dos quartos de final da Taça de Portugal de futebol, disputado no Estádio Cidade de Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “O FC Porto entrou muito forte. Tivemos dificuldades contra a intensidade muito alta. Na primeira fase de construção, queríamos sair a jogar e estávamos a ter dificuldade por causa dessa intensidade. Foi extremamente difícil ligar o jogo. Era nossa intenção pressionar alto, mas, passados alguns minutos, percebemos que era um erro. Ainda antes do golo do FC Porto, baixámos para que a equipa pudesse estabilizar, não permitindo tanto espaço. Conseguimos fazê-lo, mas isso coincidiu com um erro individual [do João Afonso] que deu o primeiro golo do FC Porto.
O FC Porto foi muito forte nos primeiros 30 minutos. Mantivemos um bloco médio-baixo e os últimos 15 minutos da primeira parte já foram mais equilibrados. Dissemos ao intervalo que seria difícil o FC Porto manter esta agressividade. Estivemos por cima do jogo nos primeiros 25 minutos da segunda parte, mas não tivemos a felicidade de fazer golo. Na parte final, acusámos algum cansaço. Dou os parabéns ao FC Porto, que foi um justo vencedor.
O FC Porto estava a pressionar muito por fora e começámos a ligar o jogo por dentro [no início da segunda parte]. Inclusive, tivemos uma bola ao poste e mais duas bolas para fazer golo. O domínio consentido não permite oportunidades aos adversários. Isso não é domínio. Em termos físicos, também começámos a equilibrar. Os meus jogadores souberam perceber o que eu queria do jogo. Foi um excelente jogo de futebol, muito competitivo. Aqui e ali, não foi tão bem jogado como eu queria. O relvado também estava pesado.
Sabíamos que o FC Porto não iria fazer poupanças. Esta é uma prova importante para o FC Porto e qualquer clube ?grande’. Nós, como ?pequenos’, temos sempre a ambição de fazer mais e melhor. É uma equipa ao duelo e à intensidade. É muito competitiva e tinha mais um dia de descanso [do que nós]. O FC Porto não nos criou problemas pelos corredores. Criou-nos problemas pela reação brutal à perda de bola, quando nos preparávamos para iniciar os ataques. Nesses momentos, deixámos o campo ?aberto’ e o FC Porto criou-nos muitas dificuldades.
O Pedrinho [que se estreou pelo Gil Vicente] é uma excelente aquisição. Vai trazer critério, vai trazer último passe, vai trazer remate de longa distância e experiência. Ele conhece bem o futebol português. Pode aportar muito à equipa. É jogador para criar competitividade interna. Com a entrada dele [após o intervalo], poderíamos confundir [o FC Porto] e termos bola mais à frente.”
Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “[Estou] satisfeito. [Foi] um jogo difícil, num dia não muito bom para a prática do futebol, com o campo pesado. [O relvado] estava em bom estado, mas pesado, pela chuva que caiu. É de enaltecer o esforço dos jogadores, dos meus e dos do Gil [Vicente].
Entrámos muito bem no jogo, fizemos um golo e tivemos ocasiões para ir para o intervalo com outro resultado. Na segunda parte, ajustámos uma ou outra coisa que achávamos que não estava tão bem. Permitimos ao adversário crescer um bocadinho no campo, mas sem criar grande perigo, tirando o remate do Lucas Mineiro ao poste. Fomos criando situações pelo Luis Díaz para dilatar o marcador. Conseguimo-lo na parte final. Não foi nada fácil, pelas condições do jogo e pela equipa que o Gil Vicente tem.
O jogo tinha de ser decidido hoje. Era normal que o Gil Vicente tentasse algo mais no segundo tempo. Prevemos isso e as nossas saídas foram muito perigosas. Criámos três ou quatro situações para fazer golo, antes de marcarmos na parte final.
O Luiz [Díaz] joga bem em diferentes posições, mas vem de uma realidade completamente diferente. Jogou hoje como segundo avançado. Jogando mais solto, vai mais ao encontro daquilo que é como jogador neste momento. Não é tão conhecedor a nível tático como o Corona e o Otávio, mas a posição de segundo avançado adequa-se a ele.
(Regresso de Sérgio Oliveira, após infeção por covid-19) Já o Otávio, na semana passada, contra o Farense, tinha vindo de uma situação igual. Temos um departamento médico e um fisiologista que está em contacto regular com os jogadores, com planos de treino adequados para cada um. Temos de perceber qual é o estado de saúde deles, para saber se podem receber ou não as cargas planeadas. Mas os jogadores infetados estiveram em casa a trabalhar. A prova do profissionalismo deles é que eles vieram como se não tivessem parado. Isso é mérito de quem trabalha no ‘escuro’.
Em relação ao adversário [das meias-finais], a seu tempo falaremos. O Sporting de Braga está a fazer uma excelente época em todas as competições. Agora temos de descansar, porque, na segunda-feira [19:00], temos um jogo com o Rio Ave, para o campeonato.
Vamos olhar para cada um dos jogos a seu tempo [em referência ao calendário para fevereiro, com oito jogos]. São todos jogos muito mediáticos, contra equipas que lutam pelos memos objetivos no campeonato nacional [Sporting de Braga e Sporting], tendo ainda a Liga dos Campeões [Juventus] e a Taça de Portugal [Braga]. Nós gostamos de jogar contra grandes equipas, nesses palcos. Estaremos preparados, com certeza”.