Não têm razão nenhuma! Foi, assim, que o presidente da Câmara de Braga comentou a intervenção do munícipe, Miguel Ferreira, um dos moradores dos prédios n.ºs 62 e 76 da Rua Dr. Almeida Passos, na Urbanização Ar-Lindo, em Ferreiros, que se manifestou contra a colocação no local de um poste elétrico de alta tensão.
O autarca salientou que a implantação do poste resulta de uma decisão judicial e lembrou que a providência cautelar interposta pelos moradores no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, foi rejeitada: “a verdade é que o poste agora colocado fica mais longe das casas de que o anterior e as linhas que atravessavam a urbanização foram enterradas”, sublinhou.
Rio diz respeitar a opinião dos residentes e o seu direito a irem para Tribunal, mas classificou como “inócua” a sua última iniciativa neste campo, a da entrega no Administrativo de uma “Notificação Judicial Avulsa” pedindo nove milhões de euros de indemnização à Câmara e à E-Redes, empresa do grupo EDP.
Postes junto às janelas
Na sua intervenção, Miguel Ferreira lembrou: “Quando compramos as nossas casas – no loteamento Ar-Lindo Correia – as fichas técnicas proibiam a implantação de postes de alta tensão nos seus arruamentos. Está escrito e vai ser distribuído a todos os presentes nesta assembleia”.
E perguntou: “Os senhores deputados aceitariam que o atual executivo deixasse de cumprir o estabelecido no loteamento, e implantasse dois postes de 40 metros e mais de 30 toneladas à frente das vossas janelas?”
O morador disse, de seguida, que, “entre um executivo municipal que quer continuar a cometer os erros do passado ou um executivo utópico que quer mudar tudo, nós preferimos um executivo que que corrigir o que está mal, mantendo o que está bem”.
Rio “não está a gerir a situação”
“A maior parte dos residentes no loteamento Ar-Lindo Correia, até votou no atual executivo, mas temos de reconhecer que o Presidente de Câmara não está a gerir bem esta situação”, afirmou, dizendo que, “além disso, neste momento, está a ocorrer uma luta muito feia nos corredores da Câmara – pois já ninguém quer assumir a responsabilidade pelo loteamento Ar-Lindo Correia”.
E, nessa linha, declarou: “ apresentamo-nos a esta Assembleia Municipal para vos dizer que não vamos permitir que Braga faça escolhas erradas. Queremos uma cidade sem postes de alta tensão junto das nossas casas, sem postes de alta tensão junto dos nossos arruamentos e sem postes de alta tensão junto dos jardins onde as nossas crianças brincam – uma Braga do século XXI”.
Recebidos pelo Governo
Anunciou que os habitantes vão apresentar uma moção na próxima assembleia municipal, e que vão ser recebidos pela Secretaria de Estado das Autarquias Locais, “com uma esperança redobrada – pois não queremos apenas Braga sem postes de alta tensão junto das casas onde vivem os nossos filhos – queremos Portugal inteiro sem esse retrocesso civilizacional”.
“O presidente de Câmara tem estado mal neste processo. Mas nós até entendemos. Sabemos que não lhe foi fornecida toda a informação – ele mostrou querer jogar limpo, mas acabou por ser condicionado por elementos externos”, afirmou, sublinhando que estão disponíveis para conversar e para o ajudar a resolver este problema.
E a concluir: “Não queremos dinheiro. Queremos os postes noutro local. Estamos disponíveis para desistir de tudo se os postes de alta tensão saírem dos nossos arruamentos e jardins.
Se o executivo continuar cego, não deixaremos de exigir uma indemnização por todos os nossos sacrifícios”.