Os utentes do médico Carlos Vidal, na Unidade de Saúde Familiar (USF) de Moreira de Cónegos estão indignados com a passagem para a lista de outro clínico.
Desde a chegada de uma nova médica à USF de Moreira de Cónegos os utentes que antes eram de Carlos Vidal foram transferidos para esta nova clínica. Carlos Vidal continua a dar consulta na USF de Moreira de Cónegos, mas apenas aos utentes que não têm médico de família.
“De forma incompreensível o médico mais acarinhado [Carlos Vidal] pelos utentes, quer pelo seu super profissionalismo, quer pela forma humana como trata cada doente, está a ser vítima de bullying, por parte dos superiores, aliado com alguns funcionários administrativos”, lê-se numa denuncia enviada por um grupo de utentes à ARS Norte.
“Trata-se de um problema complexo de resolver. Está previsto que o médico em causa vai sair da USF e passa para o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES). Para já, mantém-se lá a dar cobertura aos utentes que não têm médico de família”, afirma José Novais de Carvalho, diretor executivo do ACES.
O próprio médico, em declarações a O MINHO, adianta que se trata de um problema de falta de inscrição no Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar. Apesar de o médico em causa trabalhar há mais de 30 anos, falta-lhe cumprir este requisito que não existia quando terminou o curso de medicina.
“Os médicos agora saem todos com a especialidade feita, no meu tempo não era assim. Quando houve a reformulação dos cuidados de saúde primários, os meus colegas tiveram acesso a um curso de oito meses que lhes conferiu a especialidade. Acontece que, nessa altura, eu estava a cumprir o serviço militar obrigatório, por isso, não pude frequentar o curso, que até foi gratuito e em horário laboral”, relata Carlos Vidal.
A instalação do USF de Moreira de Cónegos, veio colocar em evidência esta situação. A USF de Moreira de Cónegos deve avançar brevemente para o modelo B. Este modelo, segundo a página do Serviço Nacional de Saúde, é o indicado para unidades de saúde familiar com equipas com maior amadurecimento organizacional onde o trabalho em equipa de saúde familiar seja uma prática efetiva e que estejam dispostas a aceitar um nível de contratualização de patamares de desempenho mais exigente.
Carlos Vidal afirma que está a dar os passos para alcançar os requisitos necessários para a inscrição no Colégio da Especialidade, contudo, “não é fácil, porque há muitos médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal, que não tiveram o meu percurso, por isso, o Colégio tem muitos cuidados relativamente a quem se pode inscrever. Eu acabo por cair no mesmo saco que os médicos estrangeiros”, lamenta.
No futuro mais próximo, Carlos Vidal deve sair da USF de Moreira de Cónegos e fica ao dispor do ACES do Alto Ave. Entretanto, a população manifesta-se contra esta alteração, no livro de reclamações e nas redes sociais, contudo, Carlos Vidal ressalva, “eu nada tenho que ver com as manifestações da pessoas, eu só quero ter paz e saúde para trabalhar.”