Morreu hoje, aos 96 anos, Fernando Morgado, um dos mais importantes artesãos de Barcelos.
O funeral realiza-se no sábado, às 16:00, na Igreja Paroquial de Galegos Santa Maria, de onde era natural.
Fernando Morgado foi distinguido pelo Município de Barcelos com o Prémio Carreira, na 5.ª Gala do Artesanato, que decorreu na edição de 2015 da Mostra de Artesanato e Cerâmica.
Deixou de produzir em 2019, quando as suas mãos já não conseguiam mais moldar o barro.
Segundo uma publicação do Município de Barcelos (revista Descobrir Barcelos #2, dezembro de 2018), os pais – Américo Morgado e Ana Jesus – eram oleiros e foi com eles que Fernando Morgado aprendeu a trabalhar o barro, em Galegos Santa Maria, terra onde nasceu em 15 de outubro de 1927.
Na casa da família fabricava-se louça decorativa. “Sempre trabalhámos na indústria cerâmica. Éramos muitos irmãos e dediquei-me mais à pintura”, recordava.
Tal como o pai já havia feito quase duas décadas antes, Fernando Morgado decidiu em 1952 emigrar para o Brasil, onde esteve onze anos, durante os quais manteve uma empresa de cerâmica com um irmão.
Casou no Brasil e regressou com a esposa a Portugal, criando na sua terra natal a empresa de cerâmica Decorações Canta Galo.
Quando se reformou, com mais tempo livre, é que se começou a dedicar ao artesanato. Os seus trabalhos versam a temática religiosa e popular e a representação da vida rural, à qual também esteve ligado, como as juntas de bois, os carros de bois, as lavradoras. “O meu artesanato representa o que eu passei ao longo da minha vida”, contava Fernando Morgado.
Daí resultaram as suas peças mais populares que são relacionadas com o folclore. Orgulhava-se também de ser fundador do Grupo Folclórico Juvenil de Galegos Santa Maria.
O Museu de Olaria publicou um detalhado trabalho sobre a sua vida e obra que pode ser consultado aqui.
