Mais de 300 voluntários substituem padre em compasso pascal na Meadela

Na freguesia da Meadela, em Viana do Castelo, há 33 anos que 300 voluntários substituem o pároco local no compasso pascal, levando a cruz a beijar a cerca de 900 casas, disse esta segunda-feira o padre Vasco Vilar.

“Fui eu que iniciei essa tradição em 1983. A Meadela foi a primeira paróquia da Diocese de Viana do Castelo a começar esse costume para fazer face à falta de padres”, explicou o pároco, que está há 48 anos naquela freguesia, uma das maiores da cidade.

Os cerca de 300 voluntários, “entre eles, muitos jovens”, inscrevem-se para participar nas visitas pascais, sendo distribuídos por oito grupos que, no domingo e segunda-feira de Páscoa, e por turnos, realizam o compasso pascal.

Desde 2013 integrada na União de Freguesias de Santa Maria Maior, Monserrate e Meadela, a paróquia de Vasco Vilar tem 9.782 habitantes, de acordo com o Censos de 2011.

Atualmente, adiantou, “o recurso aos leigos generalizou-se porque os padres acumulam várias paróquias”.

A entrega do folar pelos fiéis foi outra das razões apontadas pelo pároco para delegar nos leigos a realização do compasso pascal, que “acompanha e coordena para que não escape nenhuma casa” mas que “sem nunca entrar” nas habitações que abrem a porta à cruz.

“Incomodava-me entrar e as pessoas virem-me entregar o folar da Páscoa. Nós vamos anunciar Cristo não vamos buscar dinheiro”, adiantou Vasco Vilar que ao introduzir esta tradição “arranjou uma maneira prática de acabar com esses costumes”.

Cada grupo de leigos, “é formado por um representante do padre, que entrega uma mensagem escrita do pároco aos proprietários, um elemento que transporta a cruz, uma criança que assinala, com a campainha, a chegada do compasso pascal, um leitor e vários cantores, cujo número varia em função dos voluntários”.

“O grupo entra na casa das pessoas, faz a celebração da palavra e os restantes elementos entoam canções pascais”, explicou o pároco que acompanha o percurso mas “não entra” nas habitações.

Na segunda-feira de Páscoa, ao final da tarde, no adro da igreja paroquial, realiza-se a recolha das cruzes, celebração que, “de ano para ano reúne um número crescente de fiéis para presenciarem a última cerimónia pascal que inclui cânticos pascais”.

 

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