Nos últimos dias têm sido muitas as filas à porta da Águas do Alto Minho (AdAM) em Viana do Castelo. Já houve quem esperasse quase três horas para ser atendido. Os consumidores procuram sobretudo esclarecimentos – e reclamar – acerca da faturação. A empresa garante que os problemas de faturação registados no passado estão resolvidos e justifica a situação com os atrasos nos correios, o processo de regularização dos consumos e os condicionalismos resultantes da pandemia de covid-19.
Esta terça-feira, Anabela Viana chegou à loja da AdAM em Viana do Castelo pelas 09:30, colocou-se na fila e quando de lá saiu já era hora de almoço. Quase três horas à espera para cortar um ramal de ligação. “Para uma coisa que resolvi em cinco minutos, estive lá um tempão”, conta a O MINHO.
A cliente da AdAM explica que há uma fila única para todos os serviços. Só no interior é que são retiradas as senhas que encaminham para um guichê específico. E quando chove, como aconteceu ontem, “as pessoas estão todas umas em cima das outras para se abrigar”, nota, dando conta de que, no tempo que esteve à espera, a polícia passou lá duas vezes para verificar se as normas estavam a ser cumpridas.
Além disso, para incendiar a impaciência de quem já esperava há muito para ser atendido, havia pessoas que chegavam e “passavam à frente, porque diziam que tinha hora marcada”. “Claro que toda a gente reclamava: como tinham hora marcada se ninguém atendia o telefone?”, refere Anabela Viana, sublinhando que ela própria tentou entrar em contacto com os serviços da AdAM sem sucesso.
Pandemia, atrasos nos correios e regularização de consumos
Nas longas filas à porta da sede da AdAM, a maior parte das pessoas está lá “com as faturas na mão para reclamar”, referiram várias fontes ao nosso jornal. Questionada por O MINHO, a AdAM garante que “não existe qualquer problema relacionado com a emissão de faturas” e que “todas as situações do passado foram ultrapassadas”.
Posto isto, a empresa alega que os “constrangimentos” se devem “essencialmente a três fatores”, sendo o primeiro deles as medidas de contingência, no âmbito do estado de emergência, que “limitam significativamente o número de pessoas que podem estar dentro das lojas”.
Em simultâneo, verifica-se um “aumento do fluxo de contactos provocado por atrasos na distribuição de correspondência nos correios, o que implicou que alguns clientes recebessem as suas faturas muito em cima do limite de pagamento”. A empresa lembra que, nesse sentido, “tomou a iniciativa de alargar esse prazo de pagamento por mais seis dias uteis”.
Por fim, a AdAM acrescenta que há um “aumento do fluxo de contactos provocado pelo facto de se ter iniciado em janeiro o processo de regularização dos consumos não faturados no ano de 2020“. Ora, são estas faturas, de cor amarela, que estão a levantar dúvidas nos consumidores que, assim, se dirigem às lojas para obter esclarecimentos.
“A devida explicação foi remetida em comunicado junto com a fatura e decorreu uma oportuna comunicação através dos órgãos de comunicação social em janeiro”, salienta a empresa na resposta enviada a O MINHO.
Com vista a mitigar este problema, a AdAM realça que podem ser efetuadas marcações prévias recorrendo a um número exclusivo para esse fim (258 806 952).
A empresa acrescenta que “aumentou a equipa de atendimento telefónico (258 806 900)” e disponibilizou serviços como o Balcão Digital AdamNet, a aplicação móvel MyAqua e ainda pode ser usado o email [email protected].
“A AdAM reconhece o empenho de todos, em especial considerando os desafios e condicionamentos que o país atualmente atravessa, e está a desenvolver todos os esforços para resolver estes constrangimentos o mais rápido possível”, conclui a empresa.
Perguntas e Respostas: Águas do Alto Minho e suas “sucessivas trapalhadas”
A AdAM é detida em 51% pela Águas de Portugal (AdP)e, em 49%, pelos municípios de Arcos de Valdevez (PSD), Caminha (PS), Paredes de Coura (PS), Ponte de Lima (CDS-PP), Valença (PSD), Viana do Castelo (PS) e Vila Nova de Cerveira (movimento independente PenCe – Pensar Cerveira), que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
Três concelhos do distrito – Ponte da Barca (PSD), Monção (PSD) e Melgaço (PS) – reprovaram a constituição daquela parceria.
A AdAM iniciou a operação do sistema de abastecimento de água e saneamento naqueles concelhos do Alto Minho em 01 de janeiro de 2020.