O presidente do CDS de Braga lamentou hoje não existir qualquer referência a Braga no Plano de Recuperação e Resiliência proposto pelo Governo para aproveitar os fundos europeus da chamada ‘bazuca’ de apoio aos efeitos provocados pela covid-19.
Em comunicado, Altino Bessa, que é também vereador da autarquia bracarense, dá conta da análise do documento levada a cabo pela comissão política concelhia e a análise “pouco satisfatória” concluída.
“Já foram conhecidas algumas reações ao documento, destacando a intervenção da CIM Cávado que alude (e muito bem) à nítida falta de auscultação dos agentes do território; entre outros fatores decisivos para o desenvolvimento da região Norte. Esta preterição por parte do governo já se tornou hábito no que ao Norte diz respeito. Mais uma vez temos o centralismo a vigorar”, denuncia uma nota da concelhia enviada à imprensa.
Altino Bessa diz não estar espantado com aquilo que apelida como “inércia governativa para com a região Norte”: “O erro mora, em primeira instância, no facto de não ter existido uma auscultação dos agentes do território, i.e., aqueles que realmente conhecem as necessidades prementes do terreno”.
“Pasme-se que em todo o documento não há referência a Braga, ao Quadrilátero Urbano ou à região do Cávado enquanto territórios de conhecida proeminência nos planos demográfico, social e e conómico no quadro nacional. Este documento é, uma vez mais, prova de que a letargia impera”, afirma.
“Estímulos à competitividade e à capacitação do tecido empresarial e/ou incrementos em áreas como o desporto, o ambiente ou a cultura? Ficaram no esquecimento. Só contam para Lisboa e Porto?”, questiona.
O vereador crê que “se as entidades regionais fossem ouvidas, este embaraço governativo podia ser evitável”, dando como exemplo as CCDR, as CIM, os municípios e associações empresariais como possíveis entidades a auscultar.
“Outra das questões que nos inquieta é a falta de ação focada no apoio às empresas, à inovação e promoção de coesão social. O documento esquece que o mundo empresarial é resolutivo para o bem-estar da economia. Sem o vibrar empresarial, a economia sufoca. Em plena pandemia e já a cogitar um estado pós-pandémico, é só de uma tremenda irresponsabilidade não alocar financiamento direcionado para o mundo empresarial e da inovação”, aponta.
O responsável centrista afirma que o território “carece de respostas e de equipamentos que acompanhem o dinamismo económico e demográfico do concelho” e que o país não tem “estrutura social” para a situação pós-pandemia.
Bessa fala ainda na rede viária, que, diz, “foi alvo de entorpecimento no PRR”, lamentando a ausência da finalização da variante do Cávado (ligação Frossos-Ferreiros) ou da interface ferroviária Braga-Vigo. “Tanto se fala em descentralização, todavia, na hora da verdade, fica esquecida”, afirma.