Uma mulher de 30 anos vai ser julgada em Braga por ter burlado em 89 mil euros sete ourivesarias de Braga, da vila de Prado, em Vila Verde, e Póvoa de Lanhoso. A arguida fazia pagamentos ‘online’ através de uma aplicação bancária no telemóvel, mas o dinheiro nunca chegava à conta dos ourives.
Em setembro de 2020, tentou enganar a proprietária da ourivesaria “Ouro sobre azul”, da Avenida da Liberdade, em Braga, mas teve azar porque ela era casada com um dos ourives que já fora burlado por Julie S. Por isso, chamou a PSP, que a deteve.
A acusação do Ministério elencou a prática de oito crimes de burla, cinco na forma qualificada e três na forma simples.
Para enganar os comerciantes, a mulher, natural de França mas residente em Esqueiros, Vila Verde, entrava na loja e dizia pretender comprar umas prendas para a avó que ia fazer 100 anos. Escolhia os artigos em ouro, normalmente anéis, pulseiras ou argolas e pedia para pagar através de uma aplicação bancária de telemóvel, que exibia.
O ourives ou o funcionário concordavam e ela pedia-lhes o número de identificação bancária (IBAN) para introduzir na operação de transferência do dinheiro. A seguir, enviava à firma uma cópia certificando a transação, mas que mais não era do que um ‘printscreen’ que ela própria fazia no aparelho, no momento em que nele aparecia que a operação seria feita. Essa cópia deixava perceber que a transferência fora terminada, mas tal nunca sucedia. Por isso, os vendedores entregavam-lhe o ouro.
Enganou duas vezes a mesma ourives
Num dos casos, a arguida conseguiu enganar uma ourives, da Póvoa de Lanhoso (terra da filigrana minhota), por duas vezes: em 04 de setembro, comprou-lhe quatro peças de ouro por 8.290 euros, através do mesmo método.
Quatro dias depois voltou lá, e apesar de lhe ter sido dito que o dinheiro não entrara na conta da ourivesaria, conseguiu convencer a proprietária que tal estava prestes a acontecer. E voltou a levar seis peças no valor de 20 mil euros, que “pagou” pelo mesmo método.
O MP anota que muitas das peças de ouro eram depois vendidas a uma ourivesaria de Vila Verde, sendo que, algumas delas foram recuperadas e devolvidas aos lesados.