Não é só o rio Ave que está ‘pintado’ de verde por causa da praga dos jacintos de água. O mesmo fenómeno está a ocorrer no rio Cávado, em Barcelos, sendo que a Câmara já iniciou os trabalhos de limpeza, que não eram realizados há três anos.
Como é possível ver nestas fotografias e vídeo captados por O MINHO, na zona junto à ilha do Tostão, na freguesia de Tamel S. Veríssimo, a água está totalmente coberta pelos jacintos.
Num outro vídeo partilhado nas redes sociais é possível ver que o mesmo ocorre também, a montante, nas lagoas de Caíde, em Areias de Vilar.
Ao longo do rio, é possível ver as margens pejadas desta praga.
Como O MINHO noticiou, começaram, na passada sexta-feira, os trabalhos de limpeza dos jacintos no rio Cávado, em Barcelos.
“Foi uma pena não se ter realizado a limpeza do rio nos últimos três anos. Agora temos de recuperar o tempo perdido, mas é para isso que estamos a trabalhar e não podemos deixar que esta situação volte a acontecer”, afirmou o presidente da Câmara, Mário Constantino, no arranque dos trabalhos.
A autarquia contratou uma empresa que, durante um ano, tem como principal missão remover, limpar e depois conter as principais espécies infestantes das águas do rio, entre Areias de Vilar e Perelhal.
As principais ações incidem na remoção de espécies exóticas invasoras, casos do jacinto-de-água e da pinheirinha-de-água. Os trabalhos abrangem o leito e as margens do rio Cávado desde a Barragem da Penide até ao limite jusante do concelho de Barcelos.
Em comunicado, a Câmara, liderada por uma coligação liderada pelo PSD que afastou os socialistas do poder nas últimas eleições autárquicas, afirma que “esta limpeza acontece após três anos de interrupção, o que levou à disseminação e acumulação da principal infestante – o jacinto-de-água – em grande parte do curso do Rio Cávado”.
Segundo o plano de trabalhos que mereceu aprovação prévia do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas –, o controlo das infestantes vai ser feito essencialmente por meios manuais e mecânicos sempre com o objetivo de deixar o ecossistema da área de intervenção o mais inalterado possível. Serão utilizadas essencialmente plataformas flutuantes equipadas com gruas, embarcação de apoio e auxílio de retroescavadora, que a partir das margens retirará as plantas invasoras. Também serão usadas barreiras de contenção.
Jacintos serão desidratados para posterior encaminhamento
Em comunicado, a autarquia adianta que a limpeza de vegetação será a estritamente necessária para se proceder à remoção das plantas invasoras aquáticas que permaneçam retidas nas margens. Os materiais de origem natural, tais como, troncos mortos e vegetação serão encaminhados para destino adequado ou integrados como forma de valorização, para realização de estacas, entrançados e faxinas.
Considerando que mais de 90% do peso do jacinto-de-água é água, estes serão depositados em local afastado do leito de água, para pilhas de compostagem e de secagem.
Depois desse processo, serão encaminhados para destino adequado a definir no âmbito do Plano de Ação Intermunicipal em elaboração pela Comunidade Intermunicipal do Cávado.
Além da limpeza das infestantes, os trabalhos vão também incidir na deteção de focos de poluição e na remoção de todo o tipo de resíduos, incluindo os de grandes dimensões, como os “monstros domésticos”.
Ações de sensibilização e passeios interpretativos
O objetivo principal dos trabalhos, que vão decorrer ao longo de um ano, é a contenção e limpeza de espécies de vegetação aquática exótica invasora existentes no rio Cávado (leito e margens). Todavia, está também prevista a realização de ações de sensibilização ambiental e de passeios interpretativos. Desta forma, haverá lugar à realização de até 12 sessões de sensibilização dirigidas quer às escolas, quer à comunidade em geral, para a proteção e valorização da biodiversidade e para o problema das invasoras, bem como a realização de até 24 passeios interpretativos de barco para dar a conhecer o trabalho desenvolvido para melhorar o estado do ecossistema ribeirinho.
Espécie invasora
Segundo o site da Ciência Viva, esta espéicie invasora na Península Ibérica é originária da bacia Amazónica, na América do Sul.
Em Portugal continental distribui-se pelo Minho, Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo e Algarve e insularmente na ilha Terceira, no arquipélago dos Açores.
Alimenta-se através da fotossíntese.
Segundo a mesma fonte, trata-se de uma das invasoras mais preocupantes a nível mundial, com grande impacto nos cursos de água, formando largos tapetes impedindo que a luz passe, prejudicando toda a fauna e flora autóctone. E
Em Portugal começou a ser usada como planta ornamental desde 1939 e hoje, apesar de ser proibida a sua distribuição pela lei, há quem a venda. Nas regiões onde a planta é invasora não existem organismos que se alimentem desta espécie, levando ao seu desenvolvimento exponencial.