O Infarmed aprovou um pedido de autorização excecional para que seja administrado um fármaco inovador contra o cancro numa utente do concelho de Braga.
Susana Vilaça, de Esporões, 42 anos, casada e mãe de dois filhos, soube esta tarde a novidade, transmitida pela equipa médica que a acompanha no Hospital de Braga, e ganha agora uma nova esperança para poder prolongar a vida graças à comparticipação financeira do Estado na aquisição do medicamento Lynparza.
Depois de ter visto o pedido anterior rejeitado pelo Infarmed, e sentindo-se ignorada, Susana falou com O MINHO, que questionou a agência. Então, aquele organismo disse existirem alternativas para o tratamento enquanto aguardavam acordo entre a farmacêutica e o Ministério da Saúde.
Susana não desistiu e falou para vários órgãos de comunicação social, foi a programas televisivos de grande audiência e de diferentes estações, e viu o seu nome associado a uma petição nacional que pede o acesso ao medicamento a todos os utentes com cancro, que conta já com cerca de 14 mil assinaturas.
No passado dia 06 de abril, o Infarmed solicitou ao Hospital de Braga para que remetesse um novo pedido de autorização excecional para administração do fármaco em Susana Vilaça, que foi agora aprovado.
Na redação de O MINHO, olhámos ao final desta tarde, com carinho, uma mensagem (SMS) da utente a dar-nos conta da boa nova: “Quero agradecer toda a vossa ajuda na minha luta”. “Todo o esforço valeu a pena”.
Susana ainda não sabe quando iniciará o tratamento através do Hospital de Braga, e só o deve saber a partir de quarta-feira, após reunir com a equipa médica. Mas tudo indica que os tratamentos iniciem a partir de maio.
Desde o passado dia 19 de abril que Susana está a ‘tomar’ este medicamento através do serviço privado de saúde, onde é autorizado, mas bizarramente caro (9.092,16 Euros por mês).
Essa via alternativa ao SNS só foi possível depois de lançada uma campanha de angariação de fundos entre conhecidos e desconhecidos. Susana deu conta nas redes sociais do peso que lhe saiu de cima quando viu o fármaco à sua frente.
Entretanto, e com este novo fascículo na vida de Susana, o dinheiro que sobra da angariação (e que se destinava ao segundo mês de tratamentos) será utilizado para a “promoção da sua saúde”, de acordo com fonte familiar.
Será este o primeiro passo para um acesso global deste medicamento que parece estar a provar em todo o mundo que consegue travar a evolução de um cancro (embora não elimine o tecido cancerígeno existente)?
O MINHO já questionou o Infarmed sobre o avanço no acesso a este tratamento em Portugal e está a aguardar uma resposta oficial que deverá ser divulgada nos próximos dias.
A terapêutica inovadora com este medicamento, cuja substância ativa é Olaparib, consegue ‘matar’ as células atingidas pelo tumor sem danificar em demasia as células vivas. Ou seja, não faz com que o cancro desapareça, mas impede que o mesmo alastre.
Por ser um medicamento de alto custo, encontrava-se, em março passado, ainda em “processo de avaliação para efeitos de financiamento”, segundo disse em primeira mão a O MINHO fonte do Infarmed.
De acordo com a agência, “o último estudo necessário à conclusão da avaliação técnica por parte dos peritos”, já foi entregue pela produtora do medicamento, a AstraZeneca.
O instituto afirmou então estar “a desenvolver todos os esforços para concluir a avaliação e poder disponibilizar mais esta opção terapêutica nas melhores condições para o SNS e seus utentes”.
Ao que O MINHO apurou, pelo menos uma outra utente, de Santarém, também obteve autorização excecional da agência portuguesa do medicamento para realizar tratamento com Lynparza no SNS.