A inauguração, no sábado, de uma escultura em bronze, em homenagem aos trabalhadores do barro de Alvarães, vai dar início à criação de um museu em memória do fabrico artesanal de telha naquela freguesia de Viana do Castelo.
Em comunicado, hoje, aquela autarquia da margem esquerda do rio Lima, revelou que o monumento vai ser inaugurado no dia em que Alvarães comemora 12 anos de elevação a vila.
A peça, concebida pelo artista plástico Filipe Neiva, com cerca de dois metros de altura e outros tantos de largura vai ser instalada, cerca das 10:00, no lugar das Costeira, no Monte de Infias, onde era extraído o barro.
“A escultura é composta por duas mãos. Uma simboliza a dureza do trabalho do barro e da sua transformação em telha. A outra representa quem recebe e acolhe. Na altura, existia, no trabalho, muita união entre o povo”, explicou o autor da instalação artística de 25 anos de idade, citado naquela nota.
Filipe Neiva, natural da freguesia mas há mais de uma década a residir no Brasil, afirmou que a obra resultou de “um desafio” lançado pelo presidente da Junta e manifestou a “enorme satisfação” por passar a ter um trabalho da sua autoria “na terra natal”.
Formado pela Faculdade de Belas Artes, no Porto, Filipe Neiva referiu que a mensagem da obra assenta “na grande dureza” do fabrico artesanal na telha que ocupava, “sobretudo mulheres e crianças”.
“Há uma ligeira inclinação entre as duas mãos para dar a sensação do trabalhador que está dentro do forno a fazer a telha e um outro no exterior a receber o produto final”, explicou.
O futuro museu irá nascer da reconversão de uma casa, por acabar, adquirida pela Junta de Freguesia por 25 mil euros, e que está situada junto a três antigos fornos, um ainda funcional e os restantes a necessitar de reabilitação.
Anteriormente, o presidente da Junta de Freguesia Fernando Martins adiantou que a documentação recolhida ao longo dos anos “atesta a existência de fornos de fabrico de telha na freguesia desde o século XVI, mas é quase certa a sua anterioridade, pois há indícios de ter sido aqui que se fabricou alguma da telha que cobriu o Mosteiro da Batalha”.
O autarca acrescentou que o fabrico de materiais cerâmicos na freguesia fica a dever-se a “uma grande quantidade de jazidas argilosas que possui, cuja qualidade é comprovada pelo facto de, num passado ainda recente, virem industriais de Leiria e Alcobaça comprar barro à freguesia de Alvarães”.
Para Fernando Martins, a criação do futuro núcleo museológico, é de “grande importância”, não apenas “do ponto de vista do seu aproveitamento turístico e, principalmente, pedagógico, como para perpetuar uma atividade artesanal que se encontra praticamente extinta”.
O autarca de Alvarães, na margem esquerda do rio Lima, explicou que “o projeto do futuro núcleo museológico ainda vai ser elaborado pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, após avaliação dos serviços de arqueologia”, considerando ser prematuro avançar com o montante do investimento a realizar naquela estrutura.
O forno telheiro de Alvarães, ainda em funcionamento, foi construído na primeira metade do século XX e está classificado pelo Instituto Português de Arqueologia (IPA), encontrando-se atualmente vedado. Nas proximidades existiram outros fornos semelhantes, que foram progressivamente destruídos.
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