Depois de o presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Intensivos ter admitido que o Hospital de Viana do Castelo poderia transferir doentes covid para o Hospital de Vigo, na Galiza, a Unidade Local de Saúde do Alto Minho esclarece que “não tem conhecimento oficial da situação relatada”.
No esclarecimento enviado às redações, o Hospital de Viana salienta que “tem sido capaz de responder às necessidades de cuidados intensivos dos doentes críticos, não tendo sido necessário transferir doentes que exigem este nível de cuidados”.
Ontem, em entrevista ao jornal espanhol La Voz de Galicia, João Gouveia, responsável daquela associação de médicos, disse que o cenário mais provável no Alto Minho é o da transferência de alguns utentes para Vigo, assim como outros hospitais fronteiriços da raia espanhola podem vir a receber doentes.
Doentes covid do Hospital de Viana podem ser transferidos para Vigo
“O pedido de ajuda [a outros países] já começou, embora não de forma oficial, e tem toda a lógica que se faça isso porque é um processo que, a nível europeu, pode levar vários dias e a situação portuguesa não permite perder mais tempo”, sustentou.
“O mais lógico é que a transferência dos doentes seja feita entre hospitais junto às fronteiras, como foi feito em outros países europeus que ativaram esse mecanismo de ajuda”, acrescentou o médico intensivista.
“Seguramente que os de Viana do Castelo vão para Vigo, os de Bragança vão para Zamora e os do Alentejo podem ir para Badajoz ou Sevilha”, disse João Gouveia.
O médico admitiu ainda estar preocupado com o caso concreto do Alto Minho por ter uma UCI “com menor capacidade de reposta e onde os novos positivos não param de crescer”.
Situação “crítica”
Entretanto, em declarações à Lusa, a administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) informou que a situação do hospital de Santa Luzia é “crítica”, mas garantiu que ainda não houve necessidade de transferir doentes para unidades hospitalares na Galiza.
“A situação do hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo é crítica, está a ser avaliada e ajustada, diariamente, ao número de casos de doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2. Não foi necessário transferir doentes para unidade hospitalares na Galiza”, em Espanha, afirmou à agência Lusa o presidente do conselho de administração da ULSAM, Franklim Ramos.
O responsável adiantou que, “até ao momento, a ULSAM tem sido capaz de responder as necessidades de cuidados intensivos dos doentes críticos, não tendo sido necessário transferir doentes que exigem este nível de cuidados”.
Franklim Ramos explicou que “a transferência de doentes para unidades fora do país carece de autorização da tutela, sendo que, em caso de necessidade, o primeiro recurso é para a rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
“Há uns meses, o hospital de Santa Luzia recebeu doentes de outras unidades hospitalares do país, assim como, necessitando, também pode fazer o mesmo. É um trabalho em rede”, especificou.
Na semana passada, Franklim Ramos disse que o hospital de Viana do Castelo tinha 164 doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2 internados em enfermaria e cuidados intensivos.
Na altura, estavam internados nas enfermarias do hospital de Santa Luzia, 139 doentes com covid-19 e 25 na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI)”.
De acordo com o boletim da situação epidemiológica da pandemia causada pelo novo coronavírus, hoje divulgado pela ULSAM e relativo a dados de terça-feira, até às 21:00, o distrito de Viana do Castelo registava 4.311 casos ativos e 247 mortes associadas à covid-19.
Segundo dados revelados hoje à Lusa pelo vereador com o pelouro da Promoção da Saúde na Câmara de Viana do Castelo, Ricardo Rego, a Estrutura de Apoio de Retaguarda (EAR) instalada no centro cultural de Viana do Castelo acolhe atualmente cerca de 30 doentes covid-19.
A unidade vai continuar em funcionamento até final de março, para aliviar a pressão sobre o hospital de Santa Luzia.
A EAR começou a funcionar no final de novembro e recebeu os primeiros doentes em dezembro.
Na sessão de abertura da estrutura, em declarações aos jornalistas, o presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil de Viana do Castelo, Miguel Alves, disse que a EAR tem 30 camas preparadas, mas pode crescer até às 120 camas.
“No limite, se tivéssemos uma situação de absoluta rutura, catástrofe, que não prevemos, o espaço está preparado para acomodar 200 pessoas”, sustentou, na ocasião, o autarca socialista.
A ULSAM é constituída por dois hospitais: o de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e o Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima.
Integra ainda 12 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, e serve uma população residente superior a 244 mil pessoas dos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo e algumas populações vizinhas do distrito de Braga.
Em todas aquelas estruturas trabalham mais de 2.500 profissionais, entre eles, cerca de 500 médicos e mais de 800 enfermeiros.
Notícia atualizada às 12h51 com mais informação.