Uma das figuras centrais da Independência do Brasil, que completa 201 anos hoje, José Bonifácio, considerado o fundador daquele país, tem origem minhota. O avô paterno do político, José Ribeiro de Andrada, era natural de Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, e viveu no Brasil.
José Ribeiro de Andrada, nascido em 1678, foi para o Brasil e casou-se com Ana da Silva Borges, nascida na cidade de Santos, no atual estado de São Paulo.
Andrada chegou ao Brasil na onda migratória após a descoberta de minérios e pedras preciosas. Comerciante, o cabeceirense e a sua família enriqueceram com a troca de ouro por pessoas escravizadas, ferragens e outros bens, segundo conta o livro 1822, de Laurentino Gomes.
Deste casamento nasceram sete filhos. O quarto deles era Bonifácio José Ribeiro de Andrada, que viria a ser o pai de José Bonifácio de Andrada e Silva. José Ribeiro de Andrada morreu em Santos com 89 anos.
Com o dinheiro acumulado, Bonifácio José conseguiu enviar quatro dos seus 10 filhos para estudar em Coimbra.
Segundo a Universidade de Coimbra, José Bonifácio, “foi um exemplo notável entre os estudantes formados na Faculdade de Filosofia que depois foi uma dos seus mais destacados professores”, diz o site da UC.
Na Universidade de Coimbra, formou-se em direito, filosofia e matemática, e ganhou bolsa para estudar química e mineralogia em outros países, tais como Alemanha, Bélgica, Itália, Áustria, Hungria, Suécia e Dinamarca. Em França, testemunhou os anos seguintes ao da Revolução Francesa.
Regressou a Portugal em 1800, e depois de destacadas participações em diversas áreas, inclusive na abertura de Portugal para a Revolução Industrial e também por lutar contra as tropas de Napoleão Bonaparte, regressou ao Brasil em 1819, 36 anos depois da sua ida.
O seu desejo era regressar a Santos, mas acabou por viver no Rio de Janeiro, e tornou-se no principal conselheiro do príncipe regente e futuro imperador D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal).
Segundo diversos historiadores, tais como Jorge Caldeira e Raymundo Faoro, após a Independência, José Bonifácio era o responsável por um “projeto de Brasil”, e o único homem capaz de unir interesses de grupos como comerciantes, traficantes de escravos, fazendeiros, senhores de engenho, mineradores, clérigos e outros grupos da sociedade com as do imperador.
Ou seja, sem ele, o país não teria existido como acabou por existir. Por causa da sua atuação, em 2018 foi declarado oficialmente como o Patrono da Independência do Brasil.
No entanto, e apesar de ser nomeado ministro dos Negócios ainda antes do 7 de Setembro, Bonifácio queria outras ações que o Imperador não concordou, tais como extinção do tráfico negreiro e a gradual abolição da escravidão, reforma agrária e educação para todos, e acabou por ser preso e deportado para a França.
Ainda regressou ao Brasil seis anos depois e foi nomeado para ser o responsável pela educação de D. Pedro II, e morreu em 1838 na cidade de Niterói.