Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa desenvolveram um novo método para mapear as freguesias do país onde se regista maior dificuldade em conseguir uma temperatura confortável nas habitações durante os períodos de maior frio ou calor.
Uma das dez freguesias do país onde o risco de pobreza energética é maior é Vale do Bouro, em Celorico de Basto. dizem os investigadores que recorreram a duas práticas que revelaram os resultados do novo índice regional de vulnerabilidade à pobreza energética (IRVPE).
Depois de identificados todos os tipos de habitações em todas as freguesias do país, os investigadores João Pedro Gouveia, Pedro Palma e Sofia Simões, compararam a energia consumida com a necessária para garantir uma temperatura confortável nas habitações.
O outro cálculo incluído no IRVPE prende-se na capacidade económica dos habitantes para implementar medidas de forma a combater o desconforto térmico.
Vale do Bouro. Google Maps
Para além da freguesia minhota, também Pessegueiro (Pampilhosa da Serra), Castelo Branco (Mogadouro), Baraçal (Celorico da Beira) e Santa Marinha (Ribeira de Pena) merecem destaque por entre as 3.092 freguesias do país, por serem mais susceptíveis energicamente durante períodos de calor.
Em relação aos períodos de maior frio, estão indicadas cinco freguesias de Covilhã, Vila Flor, Idanha-a-Nova, Bragança e Macedo de Cavaleiros.
Ao jornal PÚBLICO, um dos investigadores explicou que tudo começou com a avaliação “do papel dos edifícios e o consumo da energia em Portugal e, a partir daí, desenvolver um índice multidimensional, que não existia na Europa”.
João Pedro Gouveia adianta que este mapeamento energético já foi disponibilizado ao Governo para planos ambientais, como o Plano Nacional de Energia e Clima 2030, enviado para Bruxelas até final do ano, e o Roteiro da Neutralidade Carbónica 2050, com medidas de descarbonização.
Na avaliação dos edifícios são vários os pontos tidos em conta pelos investigadores, desde a tipologia ou à presença de idosos e crianças, que apresentam maior vulnerabilidade.
Foram avaliados cerca de 550 mil certificados energéticos enitidos pela Agência para a Energia, que concluíram ainda que 75% das habitações em Portugal são ineficientes na energia.