A Junta Freguesia de Urgezes, em Guimarães, criou um carimbo alusivo ao Caminho de Santiago, mais concretamente para os peregrinos que fazem a rota conhecida como Caminho de Torres.
Os caminheiros ao passarem pela freguesia de Urgezes poderão carimbar a sua Caderneta de Peregrino na sede do Grupo Desportivo da Fonte Santa. “A opção por colocar o carimbo neste local prende-se com o horário de abertura alargado, permitindo que os peregrinos que ali chegam, a qualquer hora, mesmo aos fins de semana, possam ver assinalada a sua passagem por Urgezes”, esclarece Luís Abreu, o presidente da autarquia.
“Além de elementos da heráldica da Freguesia de Urgezes, o carimbo contém simbologia dos Caminhos de Santiago e a imagem da Fonte S. Gualter”, aponta o presidente da Junta.
Frei Gualter chegou a Portugal em 1217, enviado por Francisco de Assis com o objetivo de trazer ao país a recém-criada Ordem dos Frades Menores (franciscanos), o santo não é padroeiro da cidade, mas granjeia grande devoção, as Festas da Cidade (Gualterianas) são prova disso. Frei Gualter fixou-se no sopé do monte de Santa Catarina, no lugar agora conhecido como Fonte Santa, em Urgezes. O selo da Junta de Freguesia adota a imagem deste lugar de passagem dos peregrinos de Santiago e símbolo da cristandade vimaranense.
O designado Caminho de Torres adota o nome do seu mais célebre peregrino, o escritor salmantino Diego de Torres Villarroel. É um itinerário que percorre as antigas estradas medievais que ligavam Salamanca e o interior de Portugal ao ocidente peninsular e às vias litorais que permitiam o acesso a Santiago de Compostela. São quase 600 quilómetros de que passam por zonas muito remotas, mas também por centros urbanos de enorme valor patrimonial, como é o caso de Guimarães.
Diego de Torres Villarroel (1694-1770) esteve exilado em Portugal entre 1732 e 1734. Três mais tarde, entre abril e setembro de 1737, fez a peregrinação a Santiago de Compostela, cumprindo uma promessa feita nos tempos do exílio. O relato que escreveu fala da dureza do trajeto e o desdém que sentiu pela maior parte dos lugares por onde passou. Por estradas difíceis e mal pavimentadas, Diego de Torres salientou a severidade do itinerário, a rudeza das gentes e a desolação da paisagem.
Este Caminho foi alvo de intervenção num projeto conjunto de várias Comunidades Intermunicipais e está sinalizado desde Sernancelhe e dispondo de materiais de apoio: guias, mapas, um site de suporte e uma aplicação móvel.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Urgezes este é um pequeno passo para acolher melhor os peregrinos que passam “cada vez em maior número pela freguesia e que pedem para carimbar as cadernetas”. O autarca, ele próprio um caminheiro, “o que faz falta em Guimarães é um albergue. Uma casa ao longo do caminho que pudesse ser recuperada e usada para este fim, ou, idealmente, um espaço no centro da cidade”.
Estamos em ano jacobeu, ou seja, um ano em que o dia do apóstolo Santiago Maior, 25 de julho, calha num domingo, porém, o papa decretou que o ano jubilar se prolongue por 2022. Quer dizer que há bons motivos para se fazer ao caminho e pode recolher o primeiro carimbo em Urgezes.