Expropriação anulada pelo tribunal ameaça investimento milionário da ‘bazuca’ em Guimarães

Obra da futura estrada de acesso ao Ave Park está suspensa
Expropriação anulada pelo tribunal ameaça investimento milionário da 'bazuca' em guimarães
Em primeiro plano o edifício adquirido pelo Câmara Municipal para receber o supercomputador no Avepark. Foto: CMG

O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga anulou a expropriação de um terreno por onde passará a futura estrada de acesso ao Avepark, parque de ciência e tecnologia, em Guimarães, financiada pela chamada ‘bazuca’ europeia.

Segundo o Jornal de Notícias (JN), a decisão suspendeu os avanços naquele que é o maior projeto de Guimarães do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com um apoio previsto de 12,6 milhões, mas a Câmara assegura que vai terminar a obra no prazo previsto.

O traçado da nova estrada começaria na EN101, na vila de Ponte, junto a uma empresa de jardinagem, de Pedro Vieira.

De acordo com a mesma fonte, a Câmara de Guimarães queria construir uma rotunda no local e até tomou posse do terreno de Pedro Vieira depois de o expropriar, mas o empresário contestou a expropriação e o TAF de Braga deu-lhe razão.

A decisão fez regressar o projeto à ‘estaca zero’ e permitiu que a empresa de Pedro Vieira se reinstalasse no mesmo sítio de onde tinha sido expulsa.

“Um dia chegaram aqui e disseram que tinham de tirar tudo porque tinham tomado posse do terreno”, recorda Pe- dro Vieira, em declarações ao JN, lamentado que a câmara não tenha respondido aos “vários pedidos” de reunião que requereu.

O processo seguiu para expropriação, um ato que, segundo os juízes do TAF de Braga, padece de “vários vícios”, nomeadamente o “vício da incompetência”, uma vez que a EN101 é tutelada pela Infraestruturas de Portugal (IP) e não pela Câmara de Guimarães.

“Tratando-se de uma rotunda a ser executada numa estrada nacional, as expropriações necessárias para esse efeito teriam de ser solicitadas pela IP”, refere o acõrdão.

A Câmara de Guimarães socorre-se de um acordo de gestão que celebrou com a IP e que lhe dá autorização para
realizar obras na estrada nacional, só que o acordo é de maio de 2022 e a expropriação é de dezembro de 2021. Ou seja, a expropriação é anterior ao acordo.

De acordo com aquele diário nacional, o entendimento amigável entre o município e Pedro Vieira estará longe de se concretizar, dado que a autarquia oferece 48 mil euros e o empresário quer 182 mil.

A Câmara de Guimarães não recorreu da decisão do TAF e adianta que será a IP a expropriar: “Uma vez que a
sentença dita que a entidade responsável é a IP, tem de ser a IP a expropriar, tendo sido remetido à IP o respetivo processo de expropriação”.

A autarquia garante, ao JN, que “este incidente não coloca, em nada, em causa o cumprimento dos prazos”, pois está “a efetuar diligências no sentido de ver ambos os projetos [estrada e rotunda] executados”.

Segundo a ficha de projeto no PRR, a via tem de ficar concluída até 31 de dezembro de 2025.

 
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