A campanha “Braga Fecha a Porta ao Vírus”, iniciada em setembro de 2020, foi hoje revitalizada, com uma conferência de imprensa conjunta que voltou a juntar o Hospital de Braga, a Universidade do Minho, o agrupamento de centros de saúde local e a Câmara Municipal, para reforçar o alerta para a propagação da covid-19 no concelho.
Braga, com incidência acima dos 120 casos por 100 mil habitantes nas últimas três semanas, é um dos dez municípios do país que mantêm-se na fase de 01 de maio do plano de desconfinamento, levando a que várias restrições entretanto aliviadas para outros concelhos não o fossem para a capital do Minho.
O pretendido com este novo apelo é “o reforço das medidas de proteção para evitar uma situação mais grave no concelho”, tendo em conta o elevado número de casos ativos, explicou a O MINHO o presidente do conselho de administração do Hospital de Braga, João Porfírio de Oliveira.
“Naturalente, este é um apelo generalizado, mais uma vez para o reforço das medidas de proteção, pois o concelho não quer viver uma situação mais grave e por isso queremos que as pessoas tomem as medidas necessárias, como uso da máscara, lavar as mãos, distanciamento social”, recordou o gestor.
No encontro foi feito um ponto de situação em relação ao concelho, em termos de número de casos ativos que, estima o presidente da Câmara, Ricardo Rio, se encontram em 220, como o da incidência de novos casos que, diz a mesma fonte, está nos 170 por 100 mil habitantes, ainda acima do que é necessário para prosseguir para as próximas fases do desconfinamento.
“Mesmo depois de vacinados, é muito importante evitarmos uma situação mais grave para o município”, alertou o presidente do Hospital de Braga, que fez “referência à situação ser mais ligeira na unidade hospitalar, mas que não deixa de ser preocupante o elevado número de casos no concelho”.
“No hospital temos nove doentes internados, dos quais um nos cuidados intensivos. A situação é muito diferente do que vivemos em fevereiro, no início do ano. Mas, de qualquer maneira, não podemos deixar de chamar a atenção para o reforço das medidas”, concluiu.
João Cruz, do agrupamento de centros de saúde de Braga, revelou que grande parte dos focos de infeção são contágio dentro do seio familiar, como pequenas festas familiares que são também uma fonte de propagação do SARS CoV-2.
“Apesar de, nesta altura, todos gostarmos de ir para a rua celebrar os santos populares e aproveitar os arraiais, o que pedimos é o contrário, mais recato, não só na rua como em casa, para que os casos não avancem de família em família até estarem descontrolados”, argumentou João Porfírio de Oliveira.
Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, em declarações aos jornalistas, destacou o processo de vacinação, que “está a avançar a muito bom ritmo”, esperando que até meados de julho 70% da população já tenha recebido a primeira dose contra a covid-19.
O autarca pediu maior “recato” às pessoas, tanto no seio familiar como durante os santos populares, de forma a que Braga possa “fechar a porta ao vírus”.
Três semanas acima da ‘red line’
O concelho de Braga volta a não avançar no desconfinamento nacional por manter, pela terceira semana consecutiva, incidência acima dos 120 casos de covid-19 por cada 100 mil habitantes, não cumprindo assim os objetivos da matriz de risco, anunciou hoje o Governo.
Continuam assim para Braga, e outros nove concelhos do país, as medidas que vigoravam em todo o território antes de 10 de junho, com restauração a encerrar às 22:30, manutenção de restrições no que diz respeito à assistência de atividades desportivas e maiores restrições no setor dos transportes, disse a ministra Mariana Vieira da Silva. Segundo o último relatório da ARS Norte, o concelho registava 193 casos por 100 mil habitantes. Ricardo Rio disse hoje que já baixou para 170 por 100 mil.
Assim, no concelho de Braga, mantém-se o teletrabalho obrigatório quando as atividades o permitam, os restaurantes, cafés e pastelarias podem funcionar até às 22:30 (no interior, com um máximo de 6 pessoas por grupo; em esplanada, 10 pessoas por grupo), os espetáculos culturais funcionam até às 22:30, os casamentos e batizados com 50 % da lotação, o comércio a retalho alimentar e não alimentar até às 21:00.
É permitida a prática de todas as modalidades desportivas, mas sem público, assim como a prática de atividade física ao ar livre e em ginásios, assim como a realização de eventos em exterior com diminuição de lotação, a definir pela Direção -Geral da Saúde. As Lojas de Cidadão com atendimento presencial só funcionam por marcação.
Paredes de Coura fora de alerta
Outro concelho do Minho visado na conferência de imprensa, do Conselho de Ministros, é Paredes de Coura, que recuperou em relação às situações de incidência mais elevada e está fora do quadro de “alerta” para concelhos de baixa densidade, com mais de 240 por 100/habitantes.
“O país está numa situação mais preocupante do que estava há uma semana”, alertou ainda a ministra, dizendo que para a semana, altura em que deveria ser anunciada nova fase de desconfinamento, que entrava em vigor a 28 de junho, muito dificilmente poderá acontecer, caso a situação se continue a manter como na atualidade. Essa fase previa, entre outras medidas, a não existência de restrições nos transportes públicos.
Há um número alargado de concelhos que passa a estar em alerta, grande maioria na Zona de Lisboa e Vale do Tejo. De acordo com a ministra, a partir desta sexta-feira, há uma nova medida que pretende restringir a circulação rodoviária ao fim de semana naquela região, uma vez que “já tem duas vezes mais os 120 casos por cada 100 mil habitantes”.