A relação entre a poesia e as artes visuais é o tema do encontro literário “Carmina 2” que decorrerá de 16 a 18 de junho em Famalicão, indicou a coordenadora do evento, a escritora Rosa Maria Martelo.
Iniciativa da Fundação Cupertino de Miranda, em parceria com a câmara local, este encontro realiza-se de dois em dois anos em Vila Nova de Famalicão, reunindo vários agentes culturais, entre os quais poetas, artistas plásticos, criadores audiovisuais, críticos e ensaístas.
Para a edição deste ano, que tem como título “Passagens” e como subtítulo “Poesia e outras artes”, estão previstas quatro mesas redondas, leituras de poesia, a inauguração e visitas a exposições e o lançamento de uma antologia poética.
“A palavra ‘Passagens’ foi escolhida porque sugere a ideia de confluência, de estar na fronteira, e de interligação. Neste encontro vamos partir da poesia mas a poesia estará sempre em diálogo com as outras artes, especialmente as artes visuais”, referiu Rosa Maria Martelo.
A escritora, que também colabora com o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa – uma unidade de investigação com sede na Faculdade de Letras da Universidade do Porto -, recorda que muitos poetas foram também artistas plásticos ao destacar que neste encontro literário se partirá da “permeabilidade das fronteiras entre o texto poético e diferentes tipos de imagem” para falar de “cibertextualidades”.
O “Carmina 2” – que em 2014 foi dedicado ao tema “Deus como interrogação na poesia portuguesa” – tem início em 16 de junho, uma quinta-feira, com e exibição do filme “A mão inteligente” de Luís Alves de Matos.
No dia seguinte é inaugurada a exposição “Imagem que se faz palavra” com uma visita guiada a cargo de António Gonçalves, seguindo-se as mesas redondas “Cruzar fronteiras, passagem das imagens 1”, “Passagens de Ana Hatherly” e “Revistas de poesia e outras artes”.
Rosa Maria Martelo explica que com estes temas pretende-se “cruzar fronteiras” e sobre o debate em volta de Ana Hatherly, recorda que esta é “uma autora multímoda para quem os pontos de indefinição entre texto e imagem, escrita e gestualidade, configuraram desde muito cedo espaços criativos por excelência”.
Quanto à reflexão sobre revistas de poesia e outras artes, esta mesa foi pensada, refere a coordenadora do encontro, “partindo do facto das revistas de poesia constituírem um espaço privilegiado de intercâmbio entre a criação poética e a criação artística, gráfica, plástica”.
A sexta-feira termina com leituras de poesia por Rui Spranger e João Rios no anfiteatro ao ar livre do Parque da Devesa.
No sábado, dia 18, é lançada a antologia “Passagens: Poesia, Artes Plásticas”, organizada por Joana Matos Frias, que reúne cerca de 60 autores da poesia portuguesa dos séculos XX e XXI e poemas em que há sempre uma relação com uma obra plástica.
Segue-se a quarta mesa redonda do encontro “Visões e cegueira da poesia, passagem das imagens 2” que reúne alguns poetas para os quais a imagem na poesia é considerada “fulcral”.
“Vamos contar com várias contribuições relevantes de pessoas que têm um conhecimento muito profundo do tema”, garante Rosa Maria Martelo sobre um encontro que ainda terá leituras de poesia no Parque D. Maria II, somando-se Isaque Ferreira como convidada.
Nota da câmara de Famalicão indica que este evento se posiciona “como uma plataforma de reunião” de artistas que “vão procurar responder a questões como ‘Quando a poesia se apresenta como uma arte da imagem, a que tipo de imagens faz apelo? E como?’ ou ‘Que passagens ligam as imagens da poesia às imagens das artes plásticas ou do cinema?'”.
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