O africano residente em França, que ficou em prisão preventiva, por burlar um empresário de Barcelos, fazendo-lhe querer possuir numa mala diplomática imensos “dólares negros” avaliados em muitos milhões de euros, usava fraudulentamente a imagem real de uma jovem Marine, da qual seria mero intermediário para o negócio, já que a norte-americana, na disposição de deixar o Exército dos EUA, queria viver com o barcelense, em Portugal.
Tudo começou com a jovem norte-americana pedindo amizade ao empresário, de 40 anos, residente numa freguesia dos arredores da cidade de Barcelos, referindo que estava farta de combater no Iémen, em pleno Médio Oriente, pelo que após várias condecorações, iria deixar as Forças Armadas de elite dos Estados Unidos da América, tendo para isso mesmo um “pé de meia”, que era nem mais nem menos que milhões de dólares norte-americanos, supostamente apreendidos, nas suas missões de patrulhamento, naquela região em guerra.
A imagem atrativa e real da militar dos Fuzileiros Navais dos EUA, que obviamente não imagina até hoje ter sido utilizado o seu perfil nas redes sociais para esta burla, convenceu o empresário, natural e residente em Barcelos, que poderia manter um relacionamento ao nível amoroso, com a operacional americana, para o que seria preciso assegurar um bom nível de vida financeira, sendo que a fortuna em dólares norte-americanos, o referido “pé de meia”, seria a única maneira de que nada faltasse a ambos para o seu “ninho de amor”.
Sacou 50 mil euros e queria mais 40
Mas para que os dólares norte-americanos, anteriormente escurecidos para poderem desse modo passar despercebidos, voltarem a ter a cor original que lhe conferia o seu real valor, era necessário comprar um “líquido especial”, que só existiria na Suíça, que custaria pelo menos 50 mil euros, dinheiro que a militar de elite americana não tinha, mas solicitava a sua entrega, pelo empresário barcelense, a um “diplomata” africano seu amigo, que, como prova de boa vontade, entregaria a primeira remessa dos “dólares negros”, dentro de uma mala diplomática, para o que foi combinado um encontro, na cidade do Porto, onde nessa ocasião entregou a meia centena de milhar de euros ao tal “amigo” africano da “militar”.
Entretanto, passados alguns dias, a “militar” voltou a contactar o empresário de Barcelos, dizendo que o produto milagroso suíço tinha encarecido bastante, pelo que necessitava de mais dinheiro, ficando então combinada a entrega de mais 40 mil euros, também no Porto.
A partir dessa altura, o empresário minhoto começou a desconfiar do “negócio” e também da “paixão” da “militar” norte-americana, tendo apresentado queixa criminal, no Piquete da Polícia Judiciária de Braga, que no dia aprazado seguiu o encontro entre ambos e já no momento em que o africano residente em França recebia os 40 mil euros, foi detido, com flagrante delito, tendo sido apresentado o juiz de instrução criminal, no Palácio da Justiça de Barcelos, que determinou a sua prisão preventiva, enquanto aguarda pelo julgamento.
Os célebres “dólares negros”
Os célebres “dólares negros” são uma vigarice, já com várias décadas de existência, mas continuam a fazer efeito, em cheio, dado que se vão adequando a todas as circunstâncias envolventes do esquema fraudulento, à realidade de cada momento em que as burlas são cometidas, com pormenores que reforçam a “credibilidade” das propostas do “negócio”, ajudando desse modo à burla, neste caso a saída de tropas de elite dos Estados Unidos da América, nos teatros de operações em vários regiões com conflitos armados permanentes.