Com os custos da energia para produção de calor a triplicarem e com as matérias primas 25% mais caras, a A. Ferreira & Filhos, empresa de Vizela detentora das marcas Wedoble e Homania, olha para o recurso aos ‘pellets’ como combustivel com cada vez mais atenção, para se manter competitiva.
Situada em Caldas de Vizela, a A. Ferreira & Filhos tem uma produção anual de 300.000 peças e “tinha, antes de começar esta crise energética, um consumo mensal de gás a rondar os 2.500 euros”, afirma Noel Ferreira, um dos administradores da empresa de malhas que divide a sua atividade entre a moda infantil e o ‘homewear’. “O nosso contrato de fornecimento de gás terminou em junho, de forma que ainda estivemos a beneficiar dos preços antigos, mas vamos passar para cerca de 8.000 euros mensais”, prevê.
“No nosso setor o peso da energia não é muito elevado. Estamos num negócio de mão-de-obra intensiva, mas é preciso ver que isto acontece ao mesmo tempo que há um aumento astronómico do preço do fio”, aponta. Segundo o empresário, o aumento de 25% nos preços do fio está relacionado com as dificuldades de transporte a partir da China, mas também com os custos da energia. “As empresas a montante, a fiação por exemplo, além de assentarem em capital intensivo, maquinaria muito cara, precisam de gastar muita energia para produzir calor”, esclarece.
Noel Fernandes não vê grandes alternativas ao gás para esta indústria: “Podemos deixar de queimar gás para produzir eletricidade e passar a queimar carvão, mas não é viável usar essa eletricidade para produzir calor”.
Relativamente à eletricidade, a empresa já reduz a fatura com painéis solares. No que toca à produção de calor, a empresa está a estudar a possibilidade de adaptar uma das suas caldeiras a um combustível alternativo. “Temos duas caldeiras a gás, uma delas um pouco sobredimensionada. Estamos a estudar a possibilidade de trocar os queimadores dessa caldeira para passar a ser alimentada por ‘pellets’”, afirma. Os ‘pellets’ são aglomerados de madeira, na maior parte dos casos produzidos a partir de subprodutos das indústrias de serração e carpintaria. O rendimento deste combustível é inferior ao gás, mas Noel Fernandes tem esperança de tornear esse diferencial pelo sobredimensionamento da caldeira.
O futuro é incerto, embora a empresa tenha encomendas, veem-se coisas no setor que não eram imagináveis há pouco tempo. “Tínhamos preços negociados e fixados para toda a temporada e os fornecedores não honraram os compromissos, aumentara os preços alegando que não tinham capacidade de acomodar o aumento dos custos. Temos um fornecedor, em Itália, que coloca uma taxa de energia em cima do preço, querendo dar a entender que quando os custos baixarem o preço também desce, mas na maior parte dos casos o que subiu não volta a descer”, regista Noel Fernandes.
Fundada em 1980 A. Ferreira & Filhos, S.A. é uma empresa familiar, com 87 trabalhadores. Fechou o ano de 2021 com um volume de negócios de cinco milhões de euros e espera, em 2022, ficar 10% acima desse valor, “embora isso represente apenas a inflação”, sublinha Noel Fernandes.