A romaria para o estádio do Union de Berlin começa cedo. Uma hora antes do jogo já são centenas de bicicletas estacionadas à porta, o trânsito é caótico e as bancadas ficam bem compostas rapidamente. Com menos pressa do que os adeptos alemães, à porta da bancada dos adeptos do Braga, estão António, Filipe e Andreas. Um bracarense que vive em Braga, um bracarense que vive na Alemanha e Andreas, um alemão que, esta quinta-feira, não tira o cachecol dos ‘arsenalistas’.
De diferentes geografias, mas juntos pelo mesmo esta quinta-feira, em jogo da 5.ª jornada do grupo D, da Liga Europa, frente ao Union de Berlin. O jogo decorreu no estádio An der Alten Försterei, na zona leste da cidade, que esteve completamente lotado com cerca de 22 mil fervorosos e incensáveis adeptos.
Entre as centenas de apoiantes do Braga estava António Marques. Viajou desde o Aeroporto Sá Carneiro até à capital alemã e veio-se encontrar com o amigo Filipe Marques, que vive no país há dez anos. Mora em Friburgo e fez cerca de 1.000 quilómetros para apoiar o clube da sua terra. “Eu tento sempre marcar presença, apesar de não ser tão perto quanto isso, são 1.000 quilómetros, mas faz-se aquele esforço pelo Braga”, conta Filipe a O MINHO.
É adepto do Braga “desde sempre” e já contagiou o seu amigo berlinense Andreas Becker. “Ele só conhece os ‘eucaliptos’ [três grandes], são mais populares, mas já introduzimos um bocado a cultura, do que é o Braga e ele vem cá com todo o gosto”, explica Filipe. Andreas, adepto do Borussia de Dortmund e residente em Berlim, é taxativo: “Hoje estou a apoiar o Braga”.
Reconhece a “boa época” do Union de Berlin, que lidera o campeonato alemão e diz antecipadamente que é um jogo “difícil” para ambos os emblemas. Apesar de não ser conhecedor do plantel bracarense, já tem um favorito. “O mágico e a lenda é Ricardo Horta”, atira.
António veio diretamente de Braga e afirma que tenta vir “pelo menos” uma vez por ano a um jogo europeu. “Tenho dois filhos, esposa, não tenho a disponibilidade toda… mas sempre que posso venho. Pelo menos um jogo fora de Portugal por época, e, em Portugal, vejo os jogos em casa quase todos, fora de casa vou a metade”, diz.
Fez mais de 2.500 quilómetros por “amor, fé e paixão”. “Pessoa pelo clube faz alguns sacrifícios e quando é amor, o sacrifício custa menos um bocadinho”, conta. Diz-se sentir “útil na bancada”. “Faço o que posso e se puder ajudar a equipa a ganhar fico feliz”, refere António.
Já Filipe, costuma acompanhar à distância, mas a emoção não esmorece. “Estando longe é sempre mais difícil apoiar o clube, vai-se sofrendo um bocado sozinho às vezes”, revela. Contudo, “todas as vezes” que vai a Braga não falta à chamada e tenta “sempre ir ao estádio”.
A trabalhar no ‘coração’ da Europa há uma década, não tem dúvidas da importância do SC Braga no futebol europeu. “Basta falar com alguém que perceba um bocadinho de futebol, digo que sou de Braga e falam logo do SC Braga e da Liga Europa”, conta.
Segundo Filipe Marques, o clube até é maior do que os próprios bracarenses pensam. “Acho que as próprias pessoas de Braga não têm a noção da dimensão que o SC Braga tem na Europa. É muito reconhecido”, remata.