A Via Foral D. Teresa, troço da Estrada Nacional (EN) 203 que atravessa uma zona urbana em Ponte de Lima, onde no domingo um atropelamento vitimou mortalmente um peão que atravessava na passadeira, vai ser reordenada, disse hoje a Infraestruturas de Portugal (IP), em resposta a um pedido de informação feito por O MINHO.
“A Infraestruturas de Portugal tem programado a executar na EN203, encontra-se a ser ultimado o Projeto de Execução, que se estima estará concluído até final do ano. O projeto prevê a implementação de diversas soluções ao longo do troço urbano tendo em vista o reforço da segurança rodoviária, nomeadamente de reordenamento de acessos e reformulação de interseções em Ponte de Lima”, revelou a empresa pública responsável por a estrada, adiantando que, “após a conclusão do projeto, será promovido, em colaboração com a autarquia de Ponte de Lima e no âmbito de um acordo em desenvolvimento, o lançamento do concurso público para a execução da empreitada”.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vítor Mendes (CDS), adiantou, também, ter chegado a acordo com a IP para a assinatura de um protocolo de gestão para a construção de duas novas rotundas, orçadas em cerca de 500 mil euros, que permitam acabar com aquele “ponto negro” do concelho.
“Fruto da pressão política que o município de Ponte de Lima tem feito, foi possível chegar a acordo para a celebração deste protocolo. Este acordo foi alcançado antes grave acidente de domingo passado”, disse Vítor Mendes.
O autarca adiantou “existir, por parte da Infraestruturas de Portugal, a disponibilidade para inscrever, no orçamento para 2019, a verba necessária à construção das novas rotundas”.
“Para dar mais celeridade ao processo, através do acordo de gestão, a IP delega no município a abertura do concurso público e a gestão da obra, sendo que o pagamento da mesma ficará a cargo da empresa pública”, afirmou.
Vítor Mendes acrescentou estar a ser “ultimada a a minuta do acordo de gestão”, estimando, “numas das próximas reuniões camarárias submeter o documento à apreciação do executivo municipal”.
“O nosso objetivo é minimizar o número de acidentes muito graves que tem ocorrido naquela estrada, sobretudo atropelamentos. A construção das rotundas foi a solução que a IP considerou mais adequada para reduzir a velocidade de circulação rodoviária e evitar mais mortes”” reforçou.
Já em novembro de 2017, a Câmara de Ponte de Lima aprovou um voto de protesto por a IP não ter requalificado aquela via.
No protesto, o município alertava para o facto de se tratar “de um dos principais acessos a Ponte de Lima e integrar uma malha urbana plenamente consolidada, onde se localizam diversos espaços e equipamentos públicos educativos e desportivos, bem como, estabelecimentos de comércio e de serviços”.
Cidadãos revoltados querem “menos tristezas”
A petição online “Movimento por uma Estrada Segura | Via Foral D.Teresa, Ponte de Lima”, que desde há dois anos reunia cerca de 600 assinaturas, foi reavivada após o atropelamento, e conta agora mais de 1.400, segundo números divulgados no site peticaopublica.com, onde os promotores pedem “uma estrada mais segura, mais sinalização e menos acidentes, mais cuidados, menos tristezas”.
Entretanto, um movimento cívico criado em Ponte de Lima vai promover na quarta-feira, pelas 19:00, uma vigília que pretende “sensibilizar peões e automobilistas” para a necessidade de prevenir a sinistralidade na estrada de acesso àquela vila.
“Somos cidadãs preocupadas com o elevado número de acidentes naquela via. É um dever cívico sensibilizar todos, peões e automobilistas, para que se evitem mais acidentes”, afirmou hoje à Lusa Andreia Martins, que, juntamente com a “amiga” Marta Morais, decidiu promover a iniciativa.
Andreia Martins destacou “tratar-se de um movimento cívico, isento de intenção política”, que pretende “apenas sensibilizar” os utilizadores daquela via e entidades competentes para a sinistralidade rodoviária na Via Foral de D. Teresa (designação daquela estrada).
“Os peões não atravessam a estrada em condições de segurança e os automobilistas não sabem andar naquela estrada. O alerta é para todos. É uma tentativa de chamar a atenção para a necessidade de cuidados redobrados dos dois lados”, disse a bombeira de 36 anos.
Andreia Martins e Marta Morais, enfermeira de 35 anos, pretendem “minimizar a perda de vidas”.
“São famílias que são destruídas em situações que se podiam evitar”, sustentou.
A vigília vai decorrer no local onde, no domingo, aconteceu o último acidente mortal.
“Naquela via os automobilistas têm tendência a acelerar e as passadeiras não tem a devida iluminação”, explicou.