Desilusão total em Braga, menos para os marroquinos Hiba e Nour

Mundial 2022

A desilusão foi (praticamente) total em Braga depois do afastamento de Portugal nos quartos de final do Mundial2022 de futebol, menos para Hiba e Nour, dois jovens marroquinos para quem, agora, “nada é impossível”.

“Estamos muito contentes, claro, toda a gente quer que o seu país ganhe, não é”, disseram ambos à agência Lusa, no final da partida, ainda algo tímidos perante o esmagador apoio favorável aos portugueses – ao contrário do que se passou no estádio – no Chave D’Ouro, um dos cafés mais antigos de Braga.

Para Hiba, 22 anos, de Casablanca, e Nour, 23, de Marraquexe, em Portugal há cerca de um ano, “nada é impossível” agora para Marrocos, que já fez história ao atingir as meias-finais, até mesmo ganhar o título mundial.

Os amigos só se dividem no adversário para as ‘meias’, porque Nour quer a França, mas Hiba escolhe a Inglaterra.

Da parte das outras cerca de 200 pessoas que se dividiram pelas diferentes áreas e cinco televisões do ‘Chave’, sobraram as críticas à lentidão do jogo luso, “isto é devagar e devagarinho”, sobretudo na primeira parte, e a comparação de um curto ‘black out’ numa das televisões com o ‘apagão’ de Portugal foi inevitável.

Aos 42 minutos, surgiu o ‘balde de água gelada’ com Youssef En Nesyri a aproveitar uma péssima saída de Diogo Costa. Todo o café se silenciou. Todo? Não, uma ‘ilha’ de dois marroquinos exultou.

Surgiu o intervalo e, com ele, os treinadores de bancada: “vai ter de meter o Cristiano Ronaldo”; “parecem uma equipa da distrital”; “eles defendem bem e a jogar assim tão devagar, não vamos lá”.

Cedo na segunda parte, Fernando Santos lançou mesmo o capitão, juntamente com João Cancelo, mas o mais internacional de sempre por Portugal e seu máximo goleador não conseguiu marcar.

A entrada do ‘bracarense’ Ricardo Horta não suscitou especial entusiasmo – e as unhas iam ficando mais pequenas a cada minuto que passava.

João Félix, Bruno Fernandes e Pepe estiveram muito perto do empate, mas o guarda-redes marroquino Bono e a falta de pontaria mantiveram tudo na mesma.

O país norte-africano voltou a vencer Portugal num campeonato do Mundo, depois dos 3-1 no México1986, e segue, para a felicidade contida de Hiba e Nour, para as meias-finais.

Reportagem de Guilherme Soares, da agência Lusa.

 
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