Declarações após o jogo Leça-Gil Vicente (1-0), da quarta eliminatória da Taça de Portugal, disputado em Leça da Palmeira:
– Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “[A eliminação] Foi o que merecemos. Muito sinceramente, acho que o Leça encarou o jogo de uma forma diferente. Não foi um encontro bem jogado, mas o Leça foi mais determinado, agressivo e compacto e marcou na única oportunidade que teve. Aliás, o jogo teve poucos motivos de interesse.
Tínhamos a obrigação de fazer as coisas de forma diferente e, pelo menos, de igualar o adversário ao nível da ambição e agressividade em campo. Não o fizemos. O Leça tem qualidade e estávamos alertados para isso. Temos de assumir que é um falhanço.
Queríamos ir longe na Taça de Portugal. Um dos objetivos do clube era tentar fazer melhor do que na época passada, em que fomos aos quartos de final. Não foi possível. Mais importante do que até mesmo termos perdido, foi a forma como jogámos. Deixa-me triste e não é normal a minha equipa ter este comportamento, mas, por vezes, acontece.
Todos temos consciência de que a Taça de Portugal é isto. Quando as equipas grandes encontram adversários de menor dimensão, principalmente a nível social, têm de ter a capacidade de se ajustar e não arranjar desculpas. Não vamos arranjar desculpas.
Há que dar os parabéns a uma excelente equipa, que arregaçou as mangas, teve qualidade no seu processo de jogo e adaptou-se melhor às características de um jogo da Taça de Portugal. Era um jogo a eliminar, num relvado que não era propício às duas equipas. Quando assim é, por muito que nos custe, temos de dar os parabéns ao Leça, que teve uma vitória mais do que merecida, e analisar friamente o que se passou.
Há que seguir em frente. O Gil Vicente tem feito esta época um extraordinário trabalho e jogos de grande qualidade. Normalmente, somos superiores aos adversários, excetuando diante de quem luta para ser campeão nacional. Neste jogo, aconteceu-nos o inverso”.
– Luís Pinto (treinador do Leça): “Julgo que se deveu ao trabalho, à amizade e ao companheirismo que existem entre estes jogadores todos. Tínhamos pela frente um adversário de I Liga, mas olhámos como um desafio e uma oportunidade para nos superarmos e dar mais um pouco. Os jogadores acreditaram muito que era possível.
Vimos uma equipa organizada em campo, a dar mais domínio do jogo ao Gil Vicente, porque é natural que isso assim aconteça. Sempre que tivemos a bola, procurámos ter critério. A forma como os jogadores interpretaram isso foi fantástica. A vitória deveu-se muito a um forte grupo, de grandes homens, valores e vontade em fazer bem as coisas.
Ao intervalo, disse aos jogadores que acreditava mesmo que íamos passar e que o trabalho que tínhamos feito até então era uma prova de que íamos chegar ao golo. Basicamente, foi isso a nível motivacional, além de ter feito uns ajustes táticos.
Não podemos negar [que está a ser uma boa montra]. É bom para todos ter bons resultados. Enquanto equipa técnica, somos jovens e temos ambições. Muitos dos jogadores são jovens e estão a dar-se a conhecer aos poucos ao futebol português.
Todos reconhecem que temos jovens de bom valor, mas que, se calhar, estavam um pouco escondidos, fruto da menor projeção nestas divisões. É fantástico para um clube centenário e que já esteve na I Liga voltar a aparecer mais no dia-a-dia das pessoas.
Próxima ronda? Queríamos passar e ficámos muito felizes por isso. Iremos preparar o jogo da melhor forma contra quem vier. Aquilo que o sorteio ditar ficará para depois”.