Diogo Dalot e José Sá são os primeiros futebolistas nascidos no concelho de Braga a disputarem um Campeonato do Mundo de futebol, engrossando para oito a estreita lista de futebolistas nascidos no Minho em toda a história da competição. Se em 1966 e 1986 não houve ninguém do Minho a disputar o troféu, em 2002, na terceira participação de Portugal em Mundiais, Capucho, natural de Barcelos, foi o pioneiro, ao jogar 20 minutos na Coreia do Sul.
Tiago, nascido em Viana do Castelo, assim como Hugo Viana, de Barcelos, participou em dois mundiais e, no de 2010, foi o melhor marcador e ‘assistente’ da equipa das ‘quinas’. Fernando Meira, de Guimarães, foi o futebolista natural do Minho que mais jogou – cerca de 680 minutos divididos em sete jogos, seguindo-se Tiago, com cerca de 570 minutos divididos em dois mundiais. Quim, de Famalicão, foi o único da lista a integrar a comitiva da seleção em Mundiais, mas sem jogar qualquer minuto.
2002 – Capucho torna-se o primeiro jogador do Minho a entrar numa partida do Campeonato do Mundo
A primeira participação de futebolistas do Minho num Campeonato do Mundo pela seleção nacional remonta a 2002, e são ambos naturais de Barcelos. Hugo Viana e Capucho integraram os 23 convocados de António Oliveira que disputaram um catastrófico torneio na Coreia do Sul e no Japão, com a seleção a vir para casa logo ao fim da fase de grupos.
Se o médio do Sporting, então com 19 anos, não saiu do banco, Capucho, atleta do FC Porto e na altura com 30 anos, participou brevemente no torneio, disputando os últimos 20 minutos da vitória frente à Polónia (4-0), onde conseguiu uma primorosa assistência a Rui Costa para o último golo do encontro.
Embora convocados atletas com tradição em equipas do Minho – por exemplo Pedro Barbosa e Paulo Bento, que alinharam pelo Vitória SC – nenhuma equipa da região ‘viu’ futebolistas seus nesta convocatória.
2006 – Meira e Tiago são os primeiros do Minho a completar um jogo do Mundial de início ao fim
Em 2006, na Alemanha, a história já foi diferente, e os 20 minutos pioneiros de Capucho, quatro anos antes, foram seguidos pelo Mundial que mais contou com atletas da nossa região – quatro, para sermos precisos. E dois deles, Fernando Meira e Tiago, foram presença habitual no onze.
O defesa polivalente de Guimarães na altura com 28 anos e a representar o Estugarda, foi titular em todos os jogos desta que foi a estreia por Portugal em Mundiais de Luiz Felipe Scolari e onde – de forma histórica e até agora não repetida – Portugal atingiu as meias-finais.
Já Tiago, natural de Viana do Castelo, na altura com 25 anos e a jogar no Atlético de Madrid , participou em cinco jogos, três dos quais a titular (México, Angola e Inglaterra). Em conjunto com Meira, foi o primeiro jogador do Minho a alinhar num jogo de um Mundial de início ao fim, na jornada inaugural do Grupo D, frente ao México (2-1). Contra o Irão, entrou aos 80 minutos, para o lugar de Deco. Nos oitavos, frente à Holanda (1-0), no jogo que ficou conhecido como um dos mais incríveis da história dos Mundiais, voltou a ser suplente utilizado (rendeu Luís Figo aos 84). Nas meias-finais e no jogo 3º/4º lugar não saiu do banco.
2006 – Hugo Viana repete
Nesta competição, Hugo Viana, na altura com 23 anos e a representar o Sporting, tornou-se o primeiro futebolista natural do Minho a ser convocado para dois Mundiais, embora só tenha jogado neste (e apenas alguns minutos em duas partidas). Frente à Angola (1-0), a fechar a última jornada do Grupo D, entrou aos 82 minutos para o lugar do vianense Tiago, estreando-se assim na competição. Voltou a entrar para o lugar do mesmo colega no jogo dos quartos-de-final frente à Inglaterra (3-2 pen), aos 74 minutos. Na disputa por grandes penalidades, o remate não foi certeiro e a bola embateu no poste.
2006 – Quim e Paulo Santos sem minutos
Quim, guarda-redes de Famalicão, na altura a representar o Benfica, esteve no banco em todos os jogos, mas não cumpriu qualquer minuto.
O SC Braga foi a única equipa da região a conseguir ‘levar’ jogadores, no caso o guarda-redes Paulo Santos que, como Quim, não jogou nenhum minuto.
2010 – Tiago torna-se no primeiro futebolista do Minho a marcar em Mundiais
21 de junho de 2010 fica na história como o dia em que um jogador nascido no Minho marcou pela primeira vez num Campeonato do Mundo. E nasceu em Viana do Castelo. No seu segundo Mundial consecutivo, aos 29 anos, Tiago foi titular na goleada (7-0) diante da Coreia do Norte, marcou por duas vezes (60 e 89) e fez duas assistências.
O médio que representava o Atlético de Madrid estreou-se a partir do banco, frente à Costa do Marfim (0-0), aos 62 minutos, para render Deco. A boa exibição assegurou-lhe a titularidade nos três restantes encontros, tanto na goleada já citada como no empate frente ao Brasil. Nos ‘oitavos’, também alinhou os 90 minutos frente a Espanha, não conseguindo impedir a derrota (0-1) e eliminação de Portugal.
Outro futebolista que alinhou nas quatro partidas disputadas por Portugal na competição foi o vimaranense Pedro Mendes, médio do Sporting, na altura com 31 anos. Jogou os noventa minutos no empate a ‘zeros’ frente à Costa do Marfim e na goleada (7-0) contra a Coreia do Norte, mas não voltou a ser titular. No terceiro encontro do grupo, diante do Brasil, entrou aos 64 minutos para o lugar de Pepe. No derradeiro encontro dos ‘oitavos’, frente à Espanha (0-1), entrou aos 72 minutos para o lugar de Pepe. Um ano depois regressou ao Vitória SC para terminar a carreira.
2010 – Jogador do SC Braga participa pela primeira vez num jogo do Mundial pela seleção portuguesa
Se em 2006 Paulo Santos inaugurou as convocatórias da seleção para jogadores a alinhar em equipas do Minho, 2010 tornou-se o ano em que um jogador do SC Braga realmente se estreou num encontro do Mundial, no caso o guarda-redes Eduardo, do SC Braga. Aos 28 anos, o ‘keeper’ de Mirandela vinha de duas épocas soberbas nos ‘arsenalistas’ e acabou por ser o escolhido de Carlos Queiróz para jogar as quatro partidas na África do Sul. No final da competição, foi transferido de Braga para o Génova, da Liga italiana, por 4,5 milhões de euros.
2014 – SC Braga é a equipa portuguesa com mais jogadores na seleção, mas não há naturais do Minho
O Mundial de 2014, disputado no Brasil, não contou com participação de nenhum jogador nascido no Minho, mas foi histórico para o SC Braga – conseguiu ser a equipa portuguesa com mais jogadores convocados para a seleção portuguesa.
Na baliza, Eduardo tinha alinhado toda a temporada no Minho, por empréstimo do Génova, clube para o qual o guarda-redes se tinha transferido, a partir de Braga, precisamente no final do Mundial de 2010. No torneio internacional só jogou um minuto, no último jogo da fase de grupos, entrando aos 89 minutos para o lugar de Beto. Portugal acabaria por ficar de fora da competição após esse resultado.
Por sua vez, o avançado Éder participou nos três encontros, primeiro como suplente (rendeu Hugo Almeida aos 28 minutos) na derrota frente aos Estados Unidos (0-4), novamente como suplente precoce (rendeu Hugo Almeida aos 16) no empate (2-2) com os EUA e, finalmente, como titular na vitória (2-1) frente ao Gana, resultado que não foi suficiente para a passagem aos ‘oitavos’.
Também do SC Braga, Rafa Silva foi convocado, mas não disputou qualquer partida.
2018 – Lusodescendente representou Arcos de Valdevez
O Mundial da Rússia voltou a não incluir, na seleção portuguesa, nenhum jogador nascido em qualquer um dos 24 concelhos de Braga e Viana do Castelo. E também não houve convocados por entre as equipas minhotas do campeonato português.
Nessa aspecto, a única ‘representação’ coube ao médio nascido em França Adrien Silva, que em criança regressou a Arcos de Valdevez com os pais, de lá naturais. Adrien Silva não jogou o primeiro encontro, frente à Espanha (3-3) e no segundo, vitória (1-0) diante de Marrocos, saiu do banco aos 89 minutos para o lugar de João Moutinho. No terceiro jogo do grupo, empate a uma bola com o Irão, alinhou de início e fez a assistência para o único golo lusitano da partida, marcado aos 45 minutos por Ricardo Quaresma.
Nos ‘oitavos’, frente ao Uruguai (1-2), foi titular, mas saiu aos 65 minutos, para dar lugar a Quaresma, depois dos uruguaios se terem adiantado no marcador. Portugal foi eliminado.
2022 – Estreia de jogadores nascidos em Braga
Este mundial fica marcado pela estreia de jogadores naturais do concelho de Braga na lista de convocados, a saber: Diogo Dalot e José Sá. Destaca-se também a chamada de Ricardo Horta, capitão do SC Braga, clube que representa há sete temporadas.
Se a garantia que José Sá irá jogar é muito ténue, o mesmo não se aplica a Diogo Dalot. O defesa polivalente do Manchester United tem estado em grande forma, ao ponto de ser uma forte hipótese a titular no lado direito da defesa, habitualmente ocupado pelo rival do Manchester City João Cancelo.
E no jogo de preparação disputado frente à Nigéria, Fernando Santos experimentou um onze inicial com Dalot e António Silva, que serão as dúvidas do selecionador no eixo defensivo (Rúben Dias e Nuno Mendes são indiscutíveis).
Já Ricardo Horta lida com uma concorrência de elite mundial. Desde o meio campo ao ataque, terá de competir pelos lugares de Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo (Man United), João Félix (Atlético Madrid), Rafael Leão (Milan) ou Bernardo Silva (Man City).
Lista de jogadores nascidos nos distritos de Braga ou Viana do Castelo que participaram em Mundiais
2002 – Capucho e Hugo Viana (Barcelos)
2006 – Hugo Viana (Barcelos), Tiago (Viana), Fernando Meira (Guimarães) e Quim (Famalicão)
2010 – Tiago (Viana) e Pedro Mendes (Guimarães)
2014 –
2018 –
2022 – Diogo Dalot e José Sá (Braga)
Lista de jogadores que representavam clubes do Minho quando disputaram Mundiais
2006 – Paulo Santos (SC Braga)
2010 – Eduardo (SC Braga)
2014 – Eduardo, Rafa Silva e Éder (SC Braga)
2018 –
2022 – Ricardo Horta (SC Braga)
