A construtora Garcia Garcia, fundada no final do século XIX, mudou a sua sede para Santo Tirso, desde 17 de janeiro, deixando em Guimarães apenas o estaleiro central, em Mide. Nas novas instalações, na zona da antiga Arco Têxtil, ficarão as áreas administrativas e de suporte à operação.
A Garcia Garcia nasceu em 1898 e, ao longo das primeiras décadas de atividade, dedicou-se à construção de chaminés para a indústria têxtil. Estes elementos que marcavam a paisagem industrial daquela época e que hoje fazem parte do nosso património, eram fundamentais para a exaustão dos gases da combustão das caldeiras que forneciam o vapor que fazia mover as máquinas.
Desde a década de 60 do século XX, a Garcia Garcia alargou a sua oferta, passando a construir estruturas industriais. A última década do século passado marca a aposta na conceção e o início do desenvolvimento de projetos de “A a Z”, para empresas de todos os setores, assumindo grandes empreitadas para empresas nacionais e multinacionais. A empresa é atualmente gerida pela quarta geração da família Garcia, tendo sido considerada, em 2016, a melhor construtora do ano pelos Prémios Construir.
Parceira de eleição de grandes grupos internacionais
A construtora tem sido eleita como parceira de multinacionais que decidem fixar ou reforçar a sua atividade em Portugal, como por exemplo a Leica, Borgwarner,Bosch, E. Leclerc, Elis, Salsa, Tiffosi, entre outras. A construção para a indústria e para o ramo da logística representam 70% do negócio da Garcia Garcia.
Em 2021, a Garcia Garcia teve um volume de negócios de 73 milhões de euros e, em 2019, o último exercício antes da pandemia, faturou 84 milhões de euros. A empresa conta, atualmente, com 220 trabalhadores e está presente em França, Marrocos e na Mauritânia.
A empresa instala-se agora no renovado edifício de escritórios da antiga Arco Têxtil, que tinha sido construído, há décadas, pela própria Garcia Garcia. A família Garcia tem as suas origens em Vila das Aves, Santo Tirso. Tem sido neste concelho que a empresa tem feito os maiores investimentos, nomeadamente no Parque Industrial da Ermida, onde para além do desenvolvimento do próprio parque, construiu as unidades industriais que ali se encontram.
“Ultrapassámos o limite da capacidade [da antiga sede], sendo um espaço que já não nos permitia ter as condições de trabalho que idealizamos e necessitamos. Com o novo edifício passamos a dispor de um espaço moderno, adequado à nossa nova realidade, capaz de oferecer todo o conforto e as melhores condições aos nossos colaboradores. Com a mudança procurávamos uma maior centralidade, com uma envolvente diferenciada e mais completa, assim como uma maior proximidade dos grandes centros urbanos”, afirma a administração da Garcia Garcia.
Para os trabalhadores a mudança é globalmente vantajosa. Se há alguns que vão ter de percorrer uma distância maior, há outros que ficam mais perto de casa. Todos beneficiam de uma localização mais central, com oferta de comércio e serviços e da proximidade dos transportes públicos.
Presidente da Câmara de Santo Tirso está satisfeito
Para o presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa, a mudança da sede da Garcia Garcia para o concelho, “é um motivo de grande satisfação. Não só porque se trata de mais uma grande empresa que aqui se instala, mas também porque, no caso em particular, a Garcia Garcia tem sido um parceiro estratégico da Câmara Municipal na fixação de investimento privado no concelho”.
Alberto Costa ilustra o esforço feito pela autarquia com vista ao desenvolvimento de novas áreas empresariais “de excelência”, como a Ermida, “onde foram já investidos cerca de 200 milhões de euros, que se refletiram na criação de mais de dois mil postos de trabalho qualificado”.
A Câmara de Santo Tirso tem vindo a atribuir o estatuto de Projeto de Interesse Municipal que garante às empresas o acesso a um conjunto de incentivos fiscais e reduções de taxas e licenças municipais, bem como o acompanhamento personalizado de todo o processo. “Por outro lado, ainda recentemente assinámos um protocolo com a Associação Empresarial de Portugal que, além de visar o apoio à internacionalização das empresas do concelho, também vai permitir ajudar à captação de investimento privado nacional e estrangeiro”, acrescenta o presidente da Câmara.
A administração da Garcia Garcia encara o futuro com otimismo, mas reconhece que há “incerteza no horizonte”. A crise da matérias-primas não deverá ficar resolvida nos próximos meses e a subida da inflação e das taxas de juro começa a antecipar-se, avalia, o que poderá provocar algum “nervosismo” a alguns investidores. “Contudo, acreditamos que os próximos tempos poderão ser positivos, com o PRR a ajudar a dinamizar várias frentes, ainda que ficando aquém do que deveria ao nível do que está direcionado para as empresas”, afirma.