A empreitada de conservação da Citânia de Santa Luzia, um investimento de 100 mil euros, decorre até ao mês de agosto, foi hoje anunciado.
A obra, realizada pela Câmara de Viana do Castelo, em parceria com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), iniciou no mês de janeiro e incide na estabilização e restauro das alvenarias dos diferentes sistemas estruturais que constituem a Cidade Velha de Santa Luzia.
Em comunicado, a autarquia recorda que a “citânia se assume como um notável exemplar dos povoados fortificados existentes no Noroeste Peninsular, tanto pela sua dimensão, como pelo planeamento urbanístico, tipologia construtiva e caráter defensivo”.
A mesma fonte explica que a intervenção observa as técnicas construtivas tradicionais, incluindo a colocação de elementos de travamento transversal com a dimensão e o espaçamento determinado em obra.
“O assentamento será executado sem recurso à utilização de argamassas, evitando a utilização de elementos de fixação, de forma a constituir um aparelho com as características da alvenaria existente”, refere a mesma nota.
Serão utilizadas as unidades de alvenaria existentes no local, prevendo-se a possibilidade de recorrer a unidades existentes em depósito, dentro do perímetro da Cidade Velha, caso seja necessário para colmatar espaços ou proceder a reforços complementares.
Monumento Nacional desde 1926
A Citânia de Santa Luzia, classificada como Monumento Nacional em 1926, está situada no monte com o mesmo nome, sobranceiro à cidade de Viana do Castelo.
A estrutura encontra-se aberta ao público desde 1994, integrando-se num conjunto de estações arqueológicas existentes no Norte de Portugal.
Corresponde a um dos castros mais conhecidos do Norte de Portugal e um dos mais importantes para o estudo da Proto-História e da Romanização do Alto Minho.
A sua localização estratégica permitia-lhe não só dominar vastas áreas da zona litoral ribeirinha, como também controlar o movimento das entradas e saídas na Foz do Lima que, na Antiguidade, seria navegável em grande parte do seu curso.
O povoado apresenta características muito próprias, principalmente ao nível das estruturas arquitetónicas, com destaque para o aparelho poligonal, utilizado em algumas casas, que apresentavam uma planta circular com um vestíbulo ou átrio e que, em alguns casos, albergavam fornos de cozer pão.
Intervenção surge após estudo de impacte ambiental
Esta intervenção surge na sequência do estudo de impacte ambiental de consolidação do parque empresarial de Lanheses.
“Considerando-se ser necessário implementar medidas compensatórias referentes à salvaguarda do património existente no concelho de Viana do Castelo, a autarquia optou por alocar o investimento no projeto de conservação das ruínas arqueológicas da Cidade Velha de Santa Luzia”, finaliza a autarquia.