A produção cinematográfica do norte de Portugal vai estar em destaque em maio no festival de Cinema de Cannes, no âmbito de uma “estratégia de exportação” da região, disse à Lusa o produtor Rodrigo Areias.
O destaque vai ser dado através do programa “La Factory des Cinéastes”, que a Quinzena de Realizadores – em paralelo ao festival de Cannes – retoma, depois de três anos de interrupção, e envolve a produtora portuguesa Bando à Parte, de Rodrigo Areias, sediada em Guimarães, e a francesa DW Production, de Dominique Welinski.
O programa consiste na produção, escrita, realização e estreia de quatro curtas-metragens, com jovens estruturas, técnicos e realizadores do norte de Portugal, em parceria com outros tantos cineastas escolhidos pela DW Production.
Os quatro filmes vão ser rodados em março por André Guiomar, Mário Macedo, Melanie Pereira e Mariana Bártolo, em colaboração com Mya Kaplan (Israel), Dornaz Hajiha (Irão), Alex Mironescu (Roménia) e Guillermo Garcia Lopez (Espanha).
À Lusa, Rodrigo Areias explicou que este é um projeto que habitualmente dá mais visibilidade a cinematografias que não a têm.
“Visa o desenvolvimento do tecido de criação, de realização e produção de cinema do norte de Portugal. É centrado numa região e de exportação de uma região”, disse.
A escolha dos quatro realizadores portugueses foi feita através de um processo de candidatura nacional e em avaliação esteve não só o currículo, como também a existência de projetos futuros, nomeadamente a perspetiva de desenvolvimento já de uma longa-metragem.
Em Cannes, na Quinzena de Realizadores, aqueles quatro realizadores portugueses vão apresentar os filmes e fazer contactos profissionais para outros mercados.
Rodrigo Areias explicou que a participação no “La Factory” é um primeiro passo concreto de uma série de “outros programas de desenvolvimento e de internacionalização das estruturas de produção do norte de Portugal”.
“É o princípio de apoio ao desenvolvimento regional, e acaba por ser um combate ao centralismo. Mas o que me interessa é ajudar as pessoas a fazer coisas e que as essas estruturas se possam desenvolver, e que possa trazer mais produção, mais emprego, mais tudo”, sublinhou.
De acordo com a Quinzena de Realizadores, a participação de Portugal nesta edição da “La Factory” conta com apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual, RTP, da Film Commission do Porto – FilmaPorto, das câmaras municipais do Porto e de Guimarães, da Agência da Curta-Metragem, do Festival Curtas Vila do Conde e da associação vimaranense Olho de Vidro.
Rodrigo Areias, produtor e realizador, lembrou que está “há alguns anos a desenvolver estratégias de desenvolvimento regional”, com a produtora Bando à Parte ou com a criação da associação de produtores do norte APNEIA.
Lembra ainda a criação de ‘film commissions’ regionais, a criação de fundos de financiamento locais e a possibilidade de existência de fundos regionais, “ainda a seguir os trâmites legais de aprovação”.
“É um processo de criação com mais de uma década, que vai demorar a implementar, mas num futuro próximo espera-se que uma nova geração de produtores e realizadores tenham um maior grau de abertura”, reforçou Rodrigo Areias.
A 55.ª edição da Quinzena dos Realizadores decorrerá de 17 a 26 de maio.