Já conseguiu 1.194 euros, o que é suficiente para a entrada do aluguer de um novo apartamento… O casal de Braga com quatro filhos que, no final do mês, vai ter de sair do apartamento onde vive, por ordem judicial – correndo o risco de ficar na rua – conseguiu já aquele montante através da plataforma Gofundme, e que serve para angariar fundos para causas várias.
“Agradecemos do coração, em especial às muitas pessoas que contribuíram, mas também aquelas que deram relevo ao assunto nas redes sociais”, disseram a O MINHO.
A mulher adiantou que encontraram um apartamento para alugar por 400 euros por mês, mas não tinham os 1.200 euros necessários para a entrada, isto porque o senhorio, como sucede amiúde hoje em dia, exige o pagamento adiantado de três rendas.
A família diz que consegue pagar aquela renda, fazendo sacrifícios no dia-a-dia, mas não possuía aquela verba, até porque não tem apoios familiares: “Tudo faremos para sair desta situação de dependência”, assegura.
Críticas injustas
Aquela mãe explicou, entretanto, que já apareceu uma oferta de emprego, oriunda de uma conhecida empresa de Braga, pelo que o marido terá uma reunião amanhã para ver se consegue o trabalho: “ao contrário do que muitos dizem, sempre trabalhou e só há pouco tempo é que recebe subsídio de desemprego”, assegura.
O casal, e face ao teor de várias críticas surgidas na rede social Facebook, sublinha que o marido trabalhou ininterruptamente desde os 18 anos, na construção civil, em limpezas no E.Leclerc e, ultimamente, como ajudante de motorista, onde não recebeu as horas extraordinárias que fez diariamente: “há críticas muito injustas. Eu não trabalho porque o meu filho doente, de três anos não tem escola com Ensino Especial e outra não consegue lugar na creche. Se não fosse isso, iria trabalhar, assegura.
Aproveita, ainda, para desmentir que seja “subsídio-dependente” há cinco anos: “só temos subsídios da Segurança Social apenas há um ano!”, afirma, garantindo que o marido aceitará qualquer trabalho digno.
Subsídio de desemprego
Conforme o O MINHO noticiou, a família Fernandes, ela com 24 e ele com 26 anos, que reside junto ao parque das Camélias, em São Lázaro, Braga, estava desesperada, com medo de ficar sem teto, já a partir de 31 de março. Por isso, lançaram uma campanha de angariação de fundos para tentarem alugar um apartamento. Vivem com 725 euros de subsídio de desemprego, mas além da renda de 500 euros que pagavam num T4, têm de alimentar quatro crianças, com idades entre os dois e os seis anos, um dos quais com autismo. A criança doente – a quem a mãe se dedica com o estatuto de cuidadora principal – recebe um subsídio mensal de 173 euros: “tudo junto, não chega para pagar uma renda de 500 ou 600 euros e alimentar a família”, sublinham.
A decisão de saída ocorre por decisão tomada em novembro pelo Tribunal Judicial, no quadro de um acordo com o senhorio, que lhes permitiu ficar até ao fim de março na casa, mas com o compromisso de pagarem quatro mil euros – montante fixado como dívida – em 10 prestações de 400 euros por mês.
Na sentença, a juíza Gizela Lopes salienta que “atenta a precariedade económica do casal, que poderá justificar uma intervenção social urgente com vista a dotar os mesmos, e os seus quatro filhos, de uma habitação social”, a sentença seria comunicada à Segurança Social de Braga e aos serviços sociais de apoio à habitação da Câmara Municipal.