A câmara de Vila Verde aprovou hoje por unanimidade uma “proposta a solicitar a inclusão de obras estruturantes” para o concelho no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente vias de comunicação e apoios à Economia.
A proposta hoje aprovada em reunião do executivo é feita depois de a 15 de fevereiro o presidente da autarquia, António Vilela (PSD), ter manifestado “enorme desilusão” com aquele plano, afirmando que “no plano teórico, devia ter em vista a realização de reformas que ajudassem o país a sair da crise pandémica com boas perspetivas de crescimento económico”.
Segundo a autarquia, a “chamada bazuca” tem como um “dos grandes desígnios promover a competitividade e a coesão territorial, no entanto e paradoxalmente, não prevê que territórios de baixa densidade, como Vila Verde, beneficiem de investimentos que representem uma verdadeira aposta na recuperação económica e no combate às assimetrias que se acentuam neste período de profunda crise”.
Aquela autarquia “reivindica a construção de vias estruturantes, como a Variante à sede concelhia, de crucial importância para melhorar a fluidez do intenso tráfego que diariamente percorre a Estrada Municipal 101 e que se encontra a braços com sérios e constrangedores congestionamentos”, particularmente em horas de ponta.
Para a câmara de Vila Verde, “é urgente criar as condições essenciais para mitigar as assimetrias locais e regionais, pois esta é a única forma de se ultrapassar uma certa lateralidade de Vila Verde face aos grandes centros urbanos e ver, assim, elevados os seus níveis de atratividade e competitividade”.
Também o PS de Vila Verde apontou falhas ao PRR, com o vereador líder da oposição socialista na autarquia, José Morais, a salientar que “esta é uma matéria que tem de unir todos os vilaverdenses, independentemente dos partidos a que pertencem”
Para o PS de Vila Verde, o PRR, que está em consulta pública, “levanta duas observações de natureza diferente”, apontando a “falta de previsão de obras consideradas estruturantes” para o concelho” e a inclusão de medidas dirigidas à Economia em geral e “não apenas à Administração Pública”.
“Além das obras estruturantes de que necessitamos, entendemos que a “bazuca” não deve cingir-se a obras públicas. É preciso mais apoio às empresas, aos investimentos na produção, na indústria e na agricultura, entre outros dos imensos setores da nossa economia. Ou no turismo, que se depara com uma crise de dimensões bíblicas, mas que foi o setor exportador mais importante da nossa balança comercial dos últimos anos, até à eclosão da pandemia”, afirmou hoje João Morais, à margem da reunião do executivo.
O socialista referiu ter feito a “sugestão” que a proposta a enviar ao Governo pelo município de Vila Verde deve “fazer referência à economia em geral”, sugestão que segundo José Morais” foi aceite pelo presidente de câmara”.
O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.
O Governo português já colocou a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em consulta pública, no qual estipula “19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos”.
No documento, estão também previstos 2,7 mil milhões de euros em empréstimos, mas fonte do executivo garante que “ainda não está assegurado” que Portugal irá recorrer a esta vertente do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do novo Fundo de Recuperação da União Europeia.