A Câmara de Braga emitiu, esta terça-feira, um “esclarecimento público” acerca dos pagamentos no valor total de 86 mil euros efetuados ao dono da empresa que atribuiu o prémio de “Melhor Destino Europeu”. E critica aqueles que sugerem “expressa ou implicitamente” que a Câmara comprou a distinção de Melhor Destino Europeu 2021, “sem cuidar de que é o bom nome de Braga que estão a pôr em causa”.
No esclarecimento enviado às redações, a Câmara diz que “nunca teve qualquer hesitação em tornar públicos os termos em que participou na competição do European Best Destination e os contratos públicos celebrados com esta plataforma, o seu proprietário e todos os parceiros e fornecedores”.
Recorde-se que, esta semana, o Polígrafo noticiou que a Câmara de Braga pagou 86 mil euros ao dono da European Best Destinations, facto que causou grande polémica, com várias reações negativas nas redes sociais.
Agora, a Câmara explica que “a inscrição em tal competição europeia foi feita por aquisição de contratação pública, de forma transparente, correta e honrosa, tendo a mesma um custo de dezasseis mil oitocentos e trinta euros, tal como foi transmitido ao Município, e que ocorre com quaisquer cidades portuguesas ou europeias que se queiram candidatar a este prémio”.
O Município de Braga recorda que tal aconteceu, “de igual modo, mas com um valor inferior, em 2019, quando Braga acabou por se classificar como 2º melhor destino, pela eleição dos cidadãos europeus votantes na referida competição”.
O esclarecimento prossegue, referindo que, “após conhecer o resultado da competição deste ano de 2021, em que Braga se sagrou, orgulhosamente, Melhor Destino Europeu, decidiu-se, à luz deste resultado, fazer uma campanha nacional e internacional de promoção do destino Braga, antecipando a retoma económica no pós-confinamento”.
Estas campanhas, aponta a autarquia, “reforçaram a visibilidade do nome de Braga no País e em todo o Mundo, sobretudo nos meios de comunicação da especialidade e internacionais como o caso da Lonely Planet, Forbes, Traveler, entre muitas outras, mas também com presença física em outdoors por todo o País, custou ao Município quase 150 mil euros, incluindo a promoção na própria plataforma do European Best Destination, que foi contratada por cerca de 70.000 euros”. Daí o valor global referido pelo Polígrafo de 86 mil euros.
“Todas estas contratações foram feitas de forma transparente e clara, publicadas no portal Base da contratação pública que qualquer entidade ou pessoa poderá consultar”, salienta a Câmara, acrescentando que “foi compromisso do Executivo Municipal reinvestir todas as verbas inerentes à taxa turística na promoção da cidade, aumentando ainda mais o impacto das políticas de promoção já antes realizadas”.
O município refere, ainda, que, “segundo uma análise de Media Value, realizada pela Cision e referente apenas às duas primeiras semanas após a atribuição do título a Braga, só em meios nacionais, este valor ultrapassava já um milhão e novecentos mil euros de retorno”.
“Braga é hoje, e continuará a ser, gostem ou não, uns e outros, uma cidade dinâmica, vibrante e um exemplo, que continuará a seguir na linha da frente do melhor que temos em Portugal”, enfatiza a Câmara.
“É o bom nome de Braga que estão a pôr em causa”
Grande parte do documento é dirigido a quem tem insinuado que a Câmara de Braga comprou a distinção de Melhor Destino Europeu.
“Ao longo dos últimos dias, e na sequência das inenarráveis declarações do ex-Presidente da Associação de Hotéis do Algarve quanto à ‘compra’ de reconhecimentos turísticos internacionais, foram vários aqueles que procuraram cavalgar tal menção para atacar e denegrir a cidade de Braga, sugerindo expressa ou implicitamente que o mesmo tinha acontecido com o reconhecimento da Cidade como Melhor Destino Europeu em 2021”, começa por assinalar o texto.
“Entre estes, é fácil reconhecer dois grupos diversos mas convergentes nos seus objetivos: aqueles que, a nível nacional, convivem mal com os múltiplos êxitos de Braga em diversas frentes e que não hesitam em tentar minorar a Cidade, as suas instituições e os seus cidadãos; e aqueles outros, nos meandros políticos locais, que procuram usar esses ataques a reconhecimentos que tanto desconforto lhes causam para visar os responsáveis do Município, sem cuidar de que é o bom nome de Braga que estão a pôr em causa”, acrescenta.
“Para os primeiros, se Lisboa ou Porto são reconhecidas internacionalmente, é um ato de justiça para com os seus méritos próprios. Se Braga conquista exatamente o mesmo reconhecimento, é porque cuidou de ‘comprar’ a organização e manipular o processo”, ilustra o município, considerando que esta “é uma narrativa fácil, recorrente, com múltiplos reflexos em omissões mediáticas e injustiças na gestão pública, que só torna mais difíceis, mas igualmente mais saborosos os triunfos que coletivamente alcançamos neste território”.
“Pegando no mote que os adeptos do Sporting Clube de Braga utilizaram perante o mesmo tipo de cenário na sua realidade específica, só podemos dirigir a estes uma mensagem clara e simples: vão ter que contar connosco”, frisa o comunicado.
Depois, referindo “aos segundos”, diz que “o ridículo que transparece da sua frustração com os sucessos do Concelho é a melhor ilustração da falácia dos seus argumentos: Braga é Melhor Destino Europeu? Foi comprado. Braga está em terceiro lugar na qualidade de vida do Eurobarómetro da União Europeia? Foi comprado. Braga está em terceiro lugar na qualidade de vida no questionário da DECO Proteste? Foi comprado. Braga está no top das cidades mundiais que mais progrediram no combate às alterações climáticas? Foi comprado. Braga recebe a bandeira verde da ABAE? Foi comprado. Ricardo Rio está nos finalistas do World Mayor? Foi comprado. A lista é quase tão infindável quanto os reconhecimentos que Braga, o Município, o Executivo Municipal e os Bracarenses receberam ao longo dos últimos anos, em todos os domínios da nossa vida coletiva”.
Braga ganhou, em fevereiro, a distinção de European Best Destination 2021 (Melhor Destino Europeu), com quase 110 mil votos, mais 31 mil do que a segunda classificada (Roma).