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O Palácio da D. Chica, em Palmeira, arredores de Braga, está a ser transformado em hotel de luxo (cinco estrelas) com 10 unidades de alojamento, um quarto individual, sete quartos duplos e duas suites.
O empreendimento, da empresa Magalhães & Rocchio, Lda, de Cossourado, Barcelos envolve os quatro pisos do Castelo: o piso dois é composto por um quarto individual, cinco quartos duplos e duas suites, equipados com roupeiro e instalação sanitária completa, com capacidade para oito camas, possuindo alguns deles uma varanda exterior.
O projeto arquitetónico do AtelierArq – já aprovado pelo pelouro do Urbanismo do Município, gerido pelo vereador João Rodrigues – reservou, ainda, no mesmo piso, um quarto com uma cama para hóspedes com deficiências motoras, com casa de banho adaptada, e a possibilidade de dois quartos comunicantes. O quarto individual possui uma área mínima de 17,50 m2, e os quartos duplos uma de 22,50 m2.
A Memória Descritiva – a que o O MINHO teve acesso – diz, ainda, que na área dos quartos, uma das suites possui uma banheira numa aposta vincada de marca do hotel na arquitetura de interior em clara sintonia com o charme da arquitetura do espaço também conhecido como “castelo” e na qualidade luxuosa do empreendimento. Além da exclusividade, o hotel pretende uma decoração diferenciada na composição do espaço com harmonia e estilo.
Acrescenta que o piso três é composto por dois quartos duplos, sendo que estes apresentam uma zona distinta destinada a escritório e instalação sanitária privativa.
O documento acentua que anteriormente havia sido apresentado processo relativo à obra de conservação e restauro da envolvente externa do edifício, mais especificamente na conservação de fachadas, substituição de vãos de caixilharias exteriores e recuperação da cobertura, com parecer favorável da Direção Regional Cultura Norte e deferimento do pedido de licenciamento.
Restaurante e Bistrô
O hotel integra serviço de alimentação e bebidas com a instalação de dois espaços localizados em pisos distintos destinados a dois estilos de gastronomia – bistrô, ou seja, um pequeno restaurante/bar, onde são servidas bebidas alcoólicas, café, além de petiscos e comidas simples – e o restaurante propriamente dito – proporcionando um serviço de refeições sete dias por semana (almoço e jantar).
No rés do chão foi projetado o bistrô, com duas salas, um espaço dedicado à gastronomia de experiência e cozinha de autor (sushi, degustação) e menus especiais (vegetarianos) apoiadas por uma área exterior descoberta – ‘lounge area’.
Possui um parque de estacionamento automóvel privativo exterior com capacidade para 233 lugares, 231 para viaturas ligeiras, seis dos quais destinados a pessoas com mobilidade condicionada e quatro a veículos elétricos. Terá ainda dois lugares para autocarros.
O parque exterior disponibiliza também lugares para motociclos e bicicletas elétricas que o hotel coloca à disposição dos clientes.
Inícios do século 20
O Palácio D. Chica remonta aos inícios do século XX e inspira-se num estilo de construção apalaçada, emblemático, com o seu ‘status’ e presença histórica na cidade de Braga, tendo ao longo dos anos sofrido várias alterações.
O edifício encontra-se classificado de Interesse Público por Portaria de março de 2013.
Começou por ser construído em 1915, segundo projeto do arquiteto Ernesto Korrodi, sob a encomenda de João José Ferreira Rego e sua mulher Francisca Peixoto do Rego, mas a obra foi interrompida quatro anos depois, numa fase em que o interior do edifício se resumia ainda e apenas às suas estruturas, pelo que o projeto do arquiteto Korrodi, nunca foi concluído.
Ao longo do tempo, o edificado sofreu diversas alterações, sobretudo ao nível do seu interior, sendo a última no início dos anos 90, na qual o edifício foi adaptado a complexo cultural e recreativo, com restaurante e serviços de índole social.
Mau estado de conservação
O Castelo encontra-se em avançado mau estado de conservação. Mantém na generalidade a imagem exterior original, caracterizada pelas suas superfícies executadas em alvenaria aparente de xisto, fachadas em cantaria de granito, torreões em granito, colunas, frisos em calcário de lioz, bem como revestimento das suas coberturas em telha cerâmica com acabamento vítreo de cor verde.
Projeto anterior “chumbado”
A firma, com sede na Póvoa de Varzim, – e que acabou por vender o Dona Chica ao atual proprietário – invocou a responsabilidade civil das duas entidades, dizendo que o despacho de indeferimento proferido pelo Vereador da Câmara, Miguel Bandeira, em janeiro de 2015 e o parecer negativo de 2013 do IGESPAR- Instituto de Gestão do Património Arqueológico e Arquitetónico violaram o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE). Mas o juiz rejeitou a ação.