“Se a Segurança Social não der os apoios prometidos a CERCI/Braga terá de fechar a valência de apoio a pessoas com deficiência, o que pode fazer com que alguns, sem retaguarda familiar se tornem sem-abrigo”. Quem o diz é a presidente da cooperativa, Vera Vaz, para quem a falta do prometido financiamento governamental está a estrangular a instituição, já que o encargo mensal com os dois apartamentos onde vivem dez pessoas com deficiência, apoiadas por oito técnicos, é de 16 mil euros.
As dificuldades da Cerci levaram já, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, a manifestar-se “muito preocupado” com a falta de financiamento da segurança social para garantir a manutenção das duas residências.
“Não se compreende como é que o Estado, que tem a responsabilidade de zelar por estas pessoas, e pelas respetivas famílias, deixe as instituições em asfixia financeira sem motivo real para isso”, disse o edil a O MINHO, sublinhando que se exige a mobilização da sociedade bracarense para apoiar a Cerci.
O autarca acentua que o problema da falta de financiamento afeta outra instituição, a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, que tem pronta, há meses, uma valência semelhante, mas que não arrancou por falta de apoio da Segurança Social.
Um dos apartamentos já fechou
Conforme temos reportado, a CERCI Braga – Cooperativa de Educação e Reabilitação encerrou já uma das duas duas residências autónomas (dois apartamentos), sitos em São Vicente, onde vivem dez pessoas com deficiência, passando, temporariamente, a funcionar com apenas um.
O fecho de uma das casas permite uma poupança avultada em despesas com salários, luz, gás e água, ao mesmo tempo que permitirá fazer pequenas obras de adaptação no seu interior: “há um utente que foi viver com familiares, mas que regressará, técnicos que foram de férias e alguns casos de outros que passaram para outras funções na cooperativa”, disse,
Em agosto último, um dos pais, Vasco Cunha, que tem um filho com 55 anos na instituição. Adiantou que o Ministério do setor tinha dado indicação de que o financiamento a esta valência da Cerci seria operacionalizado dentro de dias, de acordo com o que estaria acordado desde julho com a ministra Ana Mendes Godinho; “Passaram três meses e nada. Se isto fechar será um enorme prejuízo para os utentes e suas famílias”, salientou.
A administração já informou os utentes de que pode ter de fechar os dois apartamentos, salientando que há oito colaboradores em risco de desemprego e 10 jovens/adultos com deficiência intelectual, que ficarão sem resposta residencial.
O Governo comprometeu-se em fevereiro a financiar a valência através de um contrato com a CERCI, no âmbito do programa PARES- Programa de Alargamento de Equipamentos Sociais, mas, até ao momento, nenhum contrato foi assinado.
A IPSS tem dois apartamentos em S. Vicente, licenciados para acolher pessoas com deficiência, sendo que um foi oferecido por um casal e outro adquirido no mercado, no caso com apoio governamental.
Até dezembro de 2021 estiveram a funcionar com o apoio financeiro do projeto “BPI Capacitar”.
O O MINHO contactou o Ministério da Solidariedade Social, mas, até agora, não obteve resposta.