Galiza e Norte de Portugal juntam mais população do que muitos países europeus

Cimeira Ibérica

A porta-voz do Bloco Nacionalista Galego (BNG), Ana Pontón, considerou esta quinta-feira que a ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo deve ser “uma das prioridades a serem debatidas na Cimeira Ibérica”, que se realiza no Centro Cultural de Viana do Castelo, na sexta-feira, e que há todo um potencial de 6,5 milhões de pessoas que não estará a ser aproveitado, sobretudo por parte do lado espanhol.

A nacionalista lembrou que entre Galiza e Norte de Portugal habitam cerca de 6,5 milhões de pessoas, mais do que países como Dinamarca, Irlanda, Noruega, Croácia, Finlândia ou Lituânia, por exemplo, e reforçou que o eixo atlântico que vai do Golfo Ártabro, nas rias de Ferrol (ponto mais a Norte da Galiza), até Lisboa “é uma das 40 megaregiões mundiais mais importantes”, considerando, por isso, que deve ser aproveitado “todo esse potencial”.

Na região Norte de Portugal, de acordo com os últimos censos de 2021, habitam 3.588.701 pessoas. A região comporta as subregiões de Alto Minho, Ave, Cávado, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Douro, Tâmega e Sousa e Terras de Trás-os-Montes. Na região autónoma da Galiza, em Espanha, e de acordo com dados do Eurostat, de 2019, residem 2,7 milhões de pessoas. Juntas as duas regiões possuem mais habitantes (6,3 milhões) do que Dinamarca (5,6 milhões), Finlândia ou Eslováquia (5,4 milhões), Noruega (5,1 milhões), Irlanda (4,6 milhões), Croácia (4,2 milhões), Bósnia (3,7 milhões), Geórgia (3,7 milhões), Moldávia (3,5 milhões), Arménia (3 milhões) ou Lituânia (2,9 milhões).

Para Ana Pontón, criar um órgão que represente a aliança entre Portugal e Galiza é essencial. Com sede permanente em Lisboa, para estar a par do impulso a situações de infraestruturas relacionadas com mobilidade, energia, tecnologia e digital, permitirá assim tornar-se um “grande pólo de desenvolvimento atlântico galego-português” que faça frente ao “lóbi económico” de Madrid que “privilegia o Mediterrâneo”.

À margem da alta velocidade, tema incontornável para toda a região galega e para todo o Norte de Portugal, a líder nacionalista considerou ainda serem necessárias melhorias na ligação ferroviária Porto-Vigo, sobretudo ao nível energético, defendendo a eletrificação total dos comboios e carruagens de ambos os lados, situação que “permite poupar 30 minutos” na viagem.  Deixou ainda a ideia de que a Linha do Minho poderia ter uma continuação ferroviária interna por toda a região de Vigo.

Sobre a alta velocidade, para a líder do partido que ocupa 19 dos 75 lugares do parlamento galego, essa infraestrutura é “estratégica para o desenvolvimento económico”, tanto da Galiza como de Portugal, e esta 33.ª edição da Cimeira Ibérica é a altura certa para se deixar de lado os estudos, passando “a ações”.

Em comunicado publicado no ‘site’ do Bloco Galego, que defende uma ideologia independentista de esquerda, Pontón considerou que “é o momento de que dessa cimeira saia um impulso às conexões ferroviárias entre Galiza e Portugal e ainda um acordo para que a saída Sul de Vigo seja uma realidade no ano de 2030”.  A porta-voz daquele partido lembra que 2030 é a data prometida por António Costa para que a ‘obra’ fique concluída, do lado português, entre Lisboa e Porto.

Pontón afirmou ainda que o “tempo dos estudos já acabou”, referindo-se aos “cinco estudos de quase quatro milhões de euros” realizados sobre a infraestrutura de Vigo, e quer que, agora, seja o “tempo dos projetos, dos orçamentos, dos prazos e de o Governo espanhol assumir um compromisso real com uma linha que é estratégica para o desenvolvimento da Galiza”.

A 33.ª cimeira luso-espanhola, em Viana do Castelo, tem como tema a inovação, é precedida por uma visita dos dois primeiros-ministros ao Laboratório Ibérico de Nanotecnologia de Braga e envolve uma comitiva de 18 ministros dos dois governos, disseram esta quarta-feira fontes da Moncloa (a sede do Governo de Espanha).

De fora deverá ficar a questão das ligações ferroviárias, em que têm insistido autoridades regionais de Portugal e Espanha, mas em relação às quais não há novidades previstas.

Ainda assim, os ministros dos Transportes fazem parte da cimeira e serão assinados memorandos de entendimento para reabilitação de pilares e outras estruturas da ponte internacional sobre o Minho, que liga Monção a Salvaterra, e para a criação de um corredor para bicicletas e peões na ponte internacional do Guadiana, que liga Vila Real de Santo António a Ayamonte.

 
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