A rede de falsificação de vacinas antirrábicas para cães de caça, até se estendia a gatos, estes já animais de companhia, segundo as investigações da GNR, que constituiu 84 arguidos e apurou haver pelo menos 174 animais que afinal não foram vacinados.
O comportamento dos principais suspeitos, que tinham conhecimentos com muitos responsáveis de associações de caçadores da região minhota, já duraria há diversos anos, cobrando quantias que oscilavam em média entre 15 a 10 euros por cada animal.
Esse grupo familiar alegadamente liderado por uma veterinária de Barcelos proporcionaria documentos falsificados, simulando a vacinação contra a raiva de cães de caça, porque muitos caçadores acreditam que as vacinas diminuirão o olfato dos canídeos.
Após uma primeira operação, em novembro de 2023, a GNR apurou que não só os cães de caça, como cães domésticos, mas também outros animais de companhia, incluindo gatos, tinham meramente certificados de vacinação, mas não eram vacinados.
O Serviço da Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) do Comando Territorial da GNR de Braga, ontem e anteontem, deu continuidade a uma operação policial, que culminou com a constituição de 84 arguidos por falsificação de documentos e falsidade informática, cumprindo 51 mandados de busca domiciliária nas duas ações, nos distritos de Braga e Viana do Castelo.
A investigação, há mais de um ano, visa crimes de falsificação de documentos, atestado falso e falsidade informática, relativos à não vacinação de cães contra a raiva, prejudicando os animais e beneficiando os caçadores residentes nos concelhos de Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Barcelos, Póvoa de Lanhoso, Amares, Esposende, Ponte de Lima e Viana do Castelo,
Veterinária de Barcelos suspeita de liderar grupo
A principal arguida é a veterinária Ana Cristiana Araújo, de Barcelos, suspensa judicialmente das funções que tinha no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em Braga, aquando da primeira ação da GNR, realizada há quatro meses.
Segundo as investigações da GNR de Braga, tuteladas pelo Ministério Público, o grupo supostamente liderado pela veterinária de Barcelos, integraria o pai, o companheiro, um irmão e um sobrinho de Ana Cristiana Coelho Araújo, residentes em Barcelos.
O balanço das duas operações são 84 arguidos, com idades entre 80 e 20 anos, cinco dos quais detidos já a 08 de novembro de 2023, tratando-se então da referida veterinária e os outros quatro familiares diretos, mas também de muito material apreendido.
Foram confiscados documentos físicos e digitais relacionados com atos médicos veterinários e os crimes em investigação, tudo material indiciário que, além do mais, ainda segundo a GNR de Braga, permitirão consolidar a prova já existente no processo.
A GNR apreendeu 524 boletins sanitários de vacinas de canídeos, 109 ampolas de vacinas antirrábicas, 540 vinhetas médicas, dez computadores portáteis, três discos rígidos, 24 telemóveis, três armas ilegais, um revólver e 53.099 euros (em numerário).