Declarações após o Portugal – Turquia (4-0), do Grupo H da fase de qualificação europeia para o Mundial de futebol feminino de 2023, disputado hoje no Estádio do Futebol Clube de Vizela:
Francisco Neto (selecionador de Portugal): “Sabíamos que seria difícil. Se aparecessem com a equipa ‘baixa’, tínhamos de ter mais jogo exterior para conseguir alguns cruzamentos. A partir dos 25 minutos, as laterais projetaram-se mais para o último terço. E sabíamos que tínhamos jogadoras para aparecer no ar. Trabalhámos por aí para desbloquear o jogo. Fomos dominadores. Fizemos quatro golos e criámos oportunidades para mais. Foi um jogo competente e maduro da nossa parte.
No primeiro apuramento que fizemos, em 2017, éramos equipa de pote 4. Depois passámos a equipa de pote 3 e agora somos equipa de pote 2. Isto é essencial para que as nossas presenças nos momentos decisivos sejam cada vez mais frequentes. Até aqui só havia nove vagas para a UEFA. O próximo Campeonato do Mundo é o primeiro que passou a 11 vagas, com a possibilidade de 12. Até agora, era muito difícil para uma equipa de pote 2 chegar ao Mundial. Agora é possível.
No ‘play-off’, continuamos a depender só de nós. Vamos esperar pelo sorteio. Queremos andar entre as melhores e, para andar entre as melhores, temos de crescer no ‘ranking’ [Portugal é 27.º].
A Escócia está num período de renovação. A Áustria fez um Campeonato da Europa brilhante. A Bélgica passou a fase de grupos. Pelo ‘ranking’ [da FIFA], e não vamos ser hipócritas, toda a gente vai desejar a Bósnia e Herzegovina (63ª), que vai ao ‘play-off’ após a exclusão da Rússia. Vamos esperar. Temos de ser competentes e de apresentar o nível de compromisso até agora. Venha quem vier, vamos competir para ganhar.
A Francisca [Nazareth] queixou-se. Sentiu um desconforto muscular. Assim que fez sinal, retirámos a Francisca. Temos perdido algumas jogadoras nestes trajetos. Temos de a avaliar.
Este caminho [de oito anos como selecionador] não é só do Francisco Neto. Temos uma estrutura técnica muito consolidada na Federação Portuguesa de Futebol. Temos pessoas altamente competentes à nossa volta. Nem sempre as coisas são lineares, mas fruto da competência da FPF, das associações de futebol e dos clubes, temos conseguido montar equipas nacionais cada vez mais competitivas.
Temos 12 jogadoras que estavam na Algarve Cup de há oito anos e que sabem acolher as jogadoras mais novas. Quando vamos lá para dentro, há um todo. Há a irreverência das mais novas e a maturidade das mais velhas. Esta mescla tem-nos ajudado. Mas este crescimento vê-se em mais países. As jogadoras estão cada vez mais preparadas também fruto do trabalho de base dos clubes”.
Ana Borges (jogadora de Portugal): “Era uma equipa que se ia colocar cá atrás. Tínhamos de arranjar maneira de explorar o jogo por fora e, se possível, por dentro. Conseguimos marcar o primeiro golo e desbloqueámos o jogo. Conseguimos o ‘play-off’ e agora queremos mais.
Estivemos em duas fases finais do Europeu, mas falta o Mundial. Temos qualidade para isso. Queremos jogar olhos nos olhos contra as melhores.
Há cada vez mais jogadoras com qualidade em Portugal e não só. O futebol português está a evoluir muito. Conseguimos um feito que nunca conseguíramos [marcar presença no ‘play-off’ do Mundial]. Sabemos que ainda nos faltam dois jogos. Queremos conquistar este ‘play-off’ para estar neste Campeonato do Mundo. Seria uma boa retirada da seleção”.
Andreia Faria (jogadora de Portugal): “É um dia em que conquistei dois sonhos. Fiz o primeiro golo pela seleção, e conseguimos a passagem ao ‘play-off’, o que faz deste dia inesquecível.
Estamos no bom caminho. Queremos demonstrar que somos uma equipa competitiva em todos os jogos. É muito bom estar nestas competições contra as melhores equipas. Temos de continuar a trabalhar para permanecer nestes grandes palcos”.