A quinta edição da bienal Contextile vai decorrer entre 05 de setembro e 25 de outubro, em Guimarães, dedicada ao “Território e memória”, um “exercício de teimosia” que se “adaptou” aos tempos de pandemia, ganhando ênfase a parte virtual.
Apresentada esta tarde e com um orçamento a rondar os 150 mil euros, a Bienal de Arte Têxtil Contemporânea destaca como maiores atrativos uma exposição internacional com 58 obras de 50 artistas oriundos de 29 países, selecionados por um júri internacional, artistas convidados como Magda Sobon e Stephen Schfield e residências artísticas de oito convidados, conjugando com o trabalho educacional através do “Emergências: Educação e Criação têxtil”, que convida escolas artísticas com disciplinas têxteis a produzir trabalhos de arte têxtil.
A programação destaca ainda “Projetos Satélite”, como uma mostra de cinema ao ar livre, “Rewind & Play”, quatro sessões com curadoria de Luísa Alvão com filmes que “estimulam uma reflexão a partir de um diálogo entre o território têxtil do Vale do Ave, com universos industriais têxteis de outras partes do mundo”, “Love and Loss”, uma ‘performace’ multimédia, “Encontro Expansão”, uma instalação nos tanques de Couros, e as “Textile Talks”, presenciais e ‘online’.
“Depois da forte presença em 2018, a bienal de 2020 esteve em causa por causa da pandemia. Consultámos os parceiros, os artistas e decidimos fazer um exercício de teimosia e avançar, porque percebemos que isto não é ‘nós vamos lá e já voltamos’, e que era apenas necessário ajustar”, explicou o coordenador da bienal, Joaquim Pinheiro.
“Tanto mais que, em relação a 2018, a ‘open call’ para a exposição internacional, teve um aumento de 40% nas candidaturas de artistas e, por isso, não desistimos de realizar a bienal”, apontou como exemplo.
O ajustamento deu-se com a introdução do virtual à iniciativa, como no que diz respeito às residências artísticas – e, em 2018, só na inauguração, estiveram 80 artistas. “Muitos estão impedidos de participar fisicamente. Tem sido muita energia gasta nas últimas semanas, para perceber quem não pode vir. A minha luta, e de todo o município, é trazê-los, nem que seja só um [artista]. Vamos tentar conjugar o lado presencial e o lado virtual”, acrescentou.
Quanto ao tema, a união da arte e do têxtil, a 5.ª edição da Contextile decidiu “trabalhar uma ideia conceptual que reporta ao território e à sua memória”.
“Esta questão do território nunca pode deixar de estar presente. Tem sido componente de reflexão das suas práticas. Pensámos que seria importante haver uma relação em termos de memória, a partir dos vários espaços identitários, do geográfico ao estético. A partir desta agregação, o espaço torna-se lugar. Daí que o tema seja território e memoria”, explicou a diretora artística do evento, Cláudia Melo.
Segundo a responsável, “há sempre novas leituras, qualquer que seja o tema”. “Essas novas leituras vêm também da própria linguagem dos artistas. Os artistas que encontram novidade trazem-nos novamente novas leituras”.
“Que novas camadas pode um artista trazer para um espaço, de forma a transformá-lo num lugar?”, é uma das questões a que a bienal tenta responder.
A pandemia causada pela covid 19 trouxe ainda outros desafios ao evento em termos de custos, embora, tenha garantido a organização, não tenha havido cortes orçamentais nem nas ajudas, quer da Direção-Geral das Artes, quer da Câmara Municipal de Guimarães.
“Os custos previstos aumentarem necessariamente, não tanto pela questão das máscaras e do gel. É sobretudo depois, a aposta no virtual. Há um sítio de internet de visita virtual. Há tecnologias que vamos fazer em ‘streaming’, em Zoom. Tudo isso aumenta o orçamento. Põe-se de um lado e tira-se do outro”, salientou Joaquim Pinheiro.