Um dos principais arguidos de um julgamento que decorre no Tribunal de Braga num caso de furto de 123 mil euros de contas bancárias, através do método de ‘phishing’, confessou parcialmente o crime, mas dizendo que foi contactado e aliciado por outro, o arguido Luís C., para o fazer.
No início da primeira audiência, em que apenas estiveram sete dos 18 arguidos, o Tribunal leu as declarações feitas aquando do inquérito por Alexandrino D., – que apesar de ausente foi defendido pelo jurista João Ferreira Araújo – nas quais diz que, a pedido do outro, angariou pessoas que se prestaram, a troco de uma pequena quantia, a receber dinheiros furtados das contas de clientes do Montepio Geral, mas também do antigo Banif- Banco Internacional do Funchal.
Na sessão, Luís C. não quis prestar declarações, o que, segundo o seu advogado Licínio Ramalho, pode suceder no final. Mas, em sede do mesmo inquérito, refutou aquelas imputações.
Ao que o O MINHO sabe na próxima sessão do julgamento – no final do mês – será ouvido o arguido Nuno Silva – tido como um dos três que congeminou o esquema – o qual prestou declarações no mesmo sentido aquando do inquérito judicial que culminou na acusação, ou seja, deitando as culpas para o Luís C..
Contas mulas
O Tribunal interrogou, ainda, quatro outros arguidos, que terão emprestado as suas próprias contas bancárias para que o dinheiro nelas passasse, os quais negaram o crime, com diversos argumentos, incluindo o de que “não sabiam de onde vinha a quantia”.
O grupo foi acusado de ter furtado, entre 2013 e 2014, e a partir de Braga, 123 mil euros de dezenas de contas bancárias.
A acusação diz que o ‘esquema’ foi congeminado por três arguidos, Nuno Silva, Alexandrino Dias e Luís Correia, todos de Braga, os quais angariaram os outros 15, para que estes disponibilizassem as chamadas ‘contas mulas’.
Estão acusados dos crimes de falsidade informática, burla informática qualificada e branqueamento.
17 outros suspeitos
Recorde-se que o Ministério Público arquivou uma parte do inquérito, referente a 17 outros suspeitos, três, por falta de provas, e 14 por serem cidadãos brasileiros, residentes no Brasil, cuja identidade não foi possível apurar.
De início, a investigação da PJ/Braga calculava que a fraude teria atingido, pelo menos, 300 mil euros. Mas as dificuldades em obter respostas da justiça brasileira impediu a recolha de provas.