O que começou como uma piada, atirada do meio da rua, em jeito de provocação, acabou por se tornar numa instituição que, à hora das refeições, atrai consideráveis romarias. Vêm todos ao mesmo, já que o Arafate, ali para os lados de São Pedro e São Mamede, numa rua fácil de perder de vista se não se for com atenção, é um dos melhores restaurantes de Braga quando o apetite reclama por comida tradicional portuguesa boa e barata.
“Fui emigrante em França e quando regressei, eu e o meu pai começámos a construir esta casa. Fizemos tudo nós”, pigarreia António Rodrigues, à frente deste negócio familiar que prospera desde 1981, começando a remexer entusiasmado em memórias que já contam com mais de 40 anos.

“Nessa altura, o meu pai usava um boné que lhe cobria as orelhas. E as pessoas, quando o viam, gritavam da rua: ‘Parece o Arafate. Ó Arafate!’ E assim ficou”, ri.
O espaço começou por ser uma taberna que, a partir das 13:30, servia café e vinho verde e, a acompanhar, diversos petiscos, como bolinhos de bacalhau, pataniscas, fígado de cebolada, sardinhas ou bacalhau frito. Tudo saído das mãos hábeis da mãe de António.
“O pessoal começou a gostar tanto disto que, aos poucos, começou a trazer as esposas e os filhos e não tivemos outro remédio senão adaptar o espaço para um ambiente mais, como é que eu hei de dizer… familiar.”




De forma a tornar o Arafate num estabelecimento mais respeitável, construíram uma sala contígua, mais recatada.
“Fazia-me confusão ouvir tantos palavrões. Não estava nada habituado àquilo”, atira, acrescentando que foi nessa altura que começaram a pensar em ter pratos mais compostos, para servir à hora das refeições.
E foi assim que surgiram algumas das especialidades que se mantêm na carta até hoje, como o bacalhau à Braga, preparado com cebolada e batatas fritas às rodelas; o bacalhau assado na brasa, um dos pratos mais pedidos; o famoso arroz de pica no chão, feito só por encomenda; e o cabrito assado, disponível aos domingos.
As doses, que alimentam bem duas ou mais pessoas, rondam os 20€ ou 25€, “mas, por exemplo, o bife, que tem perto de um quilo, custa 15€”, explica António.







Mais em conta e também bastante famosas são as diárias que aqui se servem. Por 7€ tem direito a sopa, a pão e a um dos três pratos que estiverem a sair. Das sardinhas com arroz de feijão vermelho, ao bacalhau frito, passando pelos panados, pelas feijoadas ou pelas travessas de bacalhau com grão, preparam de tudo um pouco.
As bebidas são pagas à parte, mas não deixe de pedir um copo vinho verde, – “de lavrador”, afiança o dono –, que sai de uma das muitas cubas que existem espalhadas pelo espaço, direto para uma jarra de cerâmica azul e branca.


“No São João, de 23 para 24 de junho, fazemos uma sardinhada cá fora, com caldo verde, e é nesse dia que eu abro o meu vinho. Antes disso não deixo ninguém provar”.
E se no verão, as mesas corridas sob as ramadas de videiras pedem jantaradas ao ar livre pela noite dentro; no inverno, as três salas do restaurante, que acomodam conjuntamente quase 200 pessoas, são quentes e acolhedoras e, numa delas, a lareira está sempre acesa.
Antes do café e da conta, guarde espaço para a sobremesa. Além de fruta, há sempre uma série de doces disponíveis, como a mousse de chocolate, a mousse de café, a baba de camelo, as natas do céu e, claro, a famosa sobremesa da casa, um segredo bem guardado e uma partida que se prega a quem visita o Arafate pela primeira vez. Fica uma dica: peça só se tiver muita fome. Coisa que duvidamos seriamente.
Go!


Rua do Telhado, 27, 4715-453 Braga
Telefone: 253 675 418
Aberto ao domingo das 12:00 às 15.00 e às segundas e de quarta-feira a sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 21:30. Encerra às terças-feiras.