Cerca de um mês e meio depois de completar 100 anos, Almerinda Rodrigues, de Barcelos, ficou infetada com o novo coronavírus, mas a centenária superou a doença e “encontra-se bem” de saúde. “A minha avó é uma guerreira”, diz a O MINHO a neta Nádia Neiva.
Almerinda Rodrigues, natural da freguesia de Palme, mas a residir na localidade vizinha de Feitos, para onde se mudou após casar, celebrou o seu 100.º aniversário no dia 12 de novembro.
No mês seguinte, ficaria infetada em contexto familiar. No dia 30 de dezembro um teste rápido dera-lhe negativo, mas, logo de seguida, no primeiro dia do ano, “começou a ficar trémula e sem noção do que estava a fazer”, parecendo que “já não sabia levar o comer à boca”, e a família de imediato contactou a Linha Saúde 24 que a encaminhou para o Centro de Saúde de Barcelos no dia seguinte.
Fez o teste PCR e no mesmo dia à noite chegou o resultado: positivo. Teve alguns sintomas, mas praticamente não deu conta de que tinha a doença que no último ano afetou todo o globo. “Ela não teve noção que estava com o vírus, pois não se apercebe do que está a acontecer no mundo. Também ajudou o facto de não ter quase nenhum sintoma, apenas teve tosse, dificuldade em andar – que já tinha mas acentuou-se nessa fase – e alguns vómitos quando comia”, conta Nádia Neiva, acrescentando que, doze dias depois, teve alta e “encontra-se bem”.
“A minha avó com 100 anos é uma guerreira”, congratula-se a neta, com quem a Almerinda Rodrigues habitou durante o período em que esteve infetada.
Como O MINHO contou aquando do seu centenário, Almerinda Martins Rodrigues nasceu em 12 de novembro de 1920 em Bustelo, lugar da freguesia de Palme, e quando casou foi viver para a freguesia vizinha de Feitos, também no concelho de Barcelos, onde permanece.
Quarta mais velha de nove irmãos, é a única viva. Frequentou a escola na freguesia de Feitos, onde fez o exame da quarta classe e para onde ia, desde Palme, a pé pelo monte.
Toda a vida trabalhou no campo, tecia e urdia teias para outras freguesias.
Namorou 18 anos com o homem com quem iria casar aos 36 anos. Foi então viver para Feitos. Teve três filhas e um filho, que perdeu a vida em 1983 num acidente. Cinco anos depois, também de acidente, perderia o marido.
Tem nove netos e 12 bisnetos.
Desde há doze anos é cuidada pelas filhas. Até ao início da pandemia, frequentava o Centro Social Paroquial Imaculado Coração de Maria em Vila Cova, para onde “adorava” ir.
“Já não frequenta a missa mas é muito religiosa, reza o terço várias vezes ao dia. Gosta de ler e ainda dá uns passinhos com ajuda da bengala e de mais alguém”, conta a neta.
A família gostava muito de ter feito “uma festa grande” para assinalar o centenário, mas tal não foi possível devido à atual a pandemia, que acabou por também atingi-la. Mas Almerinda Rodrigues levou a melhor.