Altino Bessa, líder da comissão política concelhia do CDS em Braga confirmou hoje a sua demissão da comissão política nacional do partido de centro-direita, no mesmo dia em que o organismo se encontra reunido por videoconferência para discutir e votar uma moção de confiança à comissão política nacional, apresentada pelo presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos.
Em declarações a O MINHO, o também vereador da Câmara de Braga mostra-se insatisfeito com uma “aparente má imagem de descredibilidade que o partido apresenta” e clarifica que a demissão surge por não achar correcto que esteja contra o rumo de uma comissão nacional que também integra.
O engenheiro natural de Celorico de Basto não participou na reunião de hoje e adiantou que outros onze delegados eleitos por Braga também não tiveram voz por ter terminado o mandato e não ter existido prorrogação que previsse esta reunião da comissão nacional.
Integrante na candidatura de Filipe Lobo d’Ávila no último congresso nacional do partido, Altino Bessa viu o adversário interno Francisco Rodrigues dos Santos ser eleito novo líder, mas acabou por ser convidado para integrar os órgãos nacionais do partido, pedido que aceitou.
Contudo, e após “longos meses”, o vereador bracarense aponta “saturação derivada à condução do presidente do partido” e pede um novo congresso nacional para que os militantes possam ter voz, ao invés de estar a reunir mandatários para dar um voto de confiança ao atual líder.
Decisão aprovada por unanimidade na concelhia de Braga
A decisão de Altino Bessa e João Medeiros, vice presidente da concelhia, deixaram de integrar a direção nacional foi aprovada por unanimidade numa reunião realizada esta semana pela estrutura local de Braga.
“Ficou decidido que devíamos seguir a atitude de Filipe Ávila, que se demitiu por não concordar com o rumo que está a ser levado pelo presidente, e assim foi adotado esse procedimento”, diz.
Altino Bessa crê que deve haver agora uma “clarificação” com a voz a ser dada aos militantes, em vez da decisão ser tomada pela direção: “E isso não é impeditivo que o atual presidente do partido se possa candidatar, não é impeditivo que Mesquita Nunes se possa candidatar, ou outros candidatos”.
“Os militantes é que devem escolher o que acham melhor para o futuro do partido num congresso antecipado, e não de uma forma redutora dentro do conselho nacional onde, por exemplo, a distrital de Braga tem direito a 11 mandatários mas estão impedidos de poder manifestar o seu voto por ter terminado o mandato há 15 dias e não ter sido prevista a prorrogação”, disse o vereador.
Questionado por O MINHO sobre se este é um dos exemplos da ‘má direção’ de Francisco Rodrigues dos Santos, Altino Bessa concorda, achando que tudo isto se poderia ter organizado de outra forma.
“De qualquer das formas, mesmo que esses elementos pudessem votar, é meu entendimento que a clarificação não deve ser feita num conselho nacional, e que, perante tantas demissões da comissão política, deve haver clarificação, e essa só pode ser em congresso”, concluiu.
“Se existirem represálias, será muito grave”
Eleito em 2013 e em 2017 como vereador da autarquia bracarense, em representação do CDS na coligação de centro-direita “Juntos por Braga”, que elegeu o atual presidente Ricardo Rio, Altino Bessa não acredita que esta demissão possa atrair represálias para a candidatura deste ano à Câmara.
“A nível local, não deve afetar em nada, a não ser que haja alguma espécie de retaliação à concelhia de Braga pelo facto do presidente e vice-presidente se terem demitido da comissão política nacional”, disse, afirmando que, caso isso venha a acontecer, estaremos perante “um caso muito grave”.
Adolfo Mesquita Nunes abandona reunião da comissão nacional
O antigo vice-presidente do CDS-PP, e anunciado candidato à liderança caso se realize um congresso, anunciou que regressou à reunião do Conselho Nacional, depois de ter abandonado em discordância o presidente daquele órgão.
“Saí dos trabalhos porque não pactuo com uma ilegalidade. Volto porque a legalidade, depois de tanta pressão, prevaleceu”, escreveu o dirigente, numa publicação na sua página pessoal na rede social Twitter.
Adolfo Mesquita Nunes acrescentou que “foram cinco horas a discutir uma coisa que podia e devia ter sido resolvida em cinco minutos”.
abandonei o conselho nacional. a mesa recusou o parecer vinculativo da jurisdição que obriga moções de confiança a voto secreto. não querem congresso nem ouvir a liberdade dos conselheiros em voto secreto. eu estou no cds, apenas não estou numa decisão ilegal nem participo nela.
— Adolfo M N (@Adolfo_MN) February 6, 2021
O antigo elemento da direção de Assunção Cristas recordou um parecer do Conselho Nacional de Jurisdição, emitido na sexta-feira, que estabelece que “a votação de moções de confiança à Comissão Política Nacional deve ser realizada por escrutínio secreto”.