Declarações após o Vizela – Santa Clara (0-1), jogo da 10.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no Estádio do Futebol Clube de Vizela:
Álvaro Pacheco (treinador do Vizela): “A haver um vencedor, era o Vizela, mesmo com as adversidades ao longo do jogo. O Vizela foi sempre capaz de as ultrapassar. Os jogadores mantiveram um controlo emocional muito grande, num jogo com incidências. Ao minuto dois, a expulsão deixa-me muitas dúvidas. O critério não foi o mesmo quando o Bruno Wilson levou uma ‘chapada’ e ficou com o lábio aberto. No último lance do jogo, o meu jogador seguia isolado e o árbitro marcou uma falta que não devia.
Os meus jogadores foram uns campeões e nunca se desligaram. Tiveram mais remates, mais caudal ofensivo. Fomos a equipa que quis ganhar mais, mesmo jogando a 10 elementos. Num lance fortuito, o jogador do Santa Clara [Bruno Almeida] pegou na bola e marcou um grande golo. Não saímos com pontos, mas saímos com um orgulho muito grande de sermos quem somos.
Tinha claramente de meter um central [após a expulsão]. Saiu um jogador [Osama Rashid] que queria jogar este jogo, por ser contra o Santa Clara [ex-equipa] e por ser pela primeira vez titular nesta época, mas sabia que fisicamente não iria aguentar os 90 minutos. Quis antecipar os problemas que teríamos mais à frente.
Mesmo com muita chuva, soubemos ligar-nos e criar situações de perigo. Merecido era termos feito o golo. Com o golo, iríamos ganhar moral e o Santa Clara ficaria mais intranquilo. Houve duas equipas que quiseram ganhar, mas o Vizela, com 10 jogadores, quis ganhar muito mais.
Queríamos conquistar os três pontos e marcar a história do clube, porque o Vizela nunca conseguiu três vitórias consecutivas na I Liga. Para já, não o conseguimos, mas essa série vai chegar em breve. O mais importante é este caráter, exibido numa derrota injusta.
Vi o [cartão] amarelo por protestar dois lances. Não gosto de ‘ir para cima do árbitro’, mas gosto que respeitem o Vizela, e hoje não houve esse respeito”.
Mário Silva (treinador do Santa Clara): “Face às condições climatéricas, não era fácil tirar partido da superioridade numérica. Com condições diferentes e relvado diferente, era melhor para as duas equipas, mas poderíamos ter mais vantagem. O Vizela, muito comprometido, defendeu bem. Para nós, tornava-se difícil criar situações de finalização e ter espaços livres, porque o campo não o permitia.
Tínhamos de fazer um jogo mais direto, pragmático, sem ligação, com profundidade, para chegar à baliza do Vizela. Sabíamos que iria ser difícil aqui, com o público a ‘puxar’ pelo Vizela. Dissemos ao intervalo que não seria fácil.
Vínhamos de muitos jogos sem ganhar. Tínhamos vencido apenas uma vez. Não é fácil, em termos anímicos e de confiança, pôr as coisas em prática. Os jogadores sentem necessidade de ganhar pontos e isso provoca limitações. Com as condicionantes que temos tido, não virámos a cara à luta, tal como o Vizela, que teve muita intensidade e agressividade no bom sentido. A vitória acaba por ser merecida. Marcámos um golo na parte final, tivemos uma bola no poste e um golo anulado.
Estes três pontos eram muito importantes, frente a uma equipa bem orientada, que está a fazer um campeonato tranquilo. Uma derrota aqui deixava o Vizela a nove pontos.
Fala-se muito da ausência de vitórias fora, mas, na época transata, só perdemos três jogos na segunda volta. É passado e não vale de nada, mas o campeonato é muito competitivo e as equipas são muito equilibradas. Temos muitos jogadores que chegaram neste ano. Isto é um processo com ‘altos e baixos’. Queremos prolongar as fases boas pelo máximo de tempo que conseguirmos.
Disse, no início da época, que este seria o maior desafio da carreira, e está a ser. Com trabalho e dedicação, vamos conseguir os nossos objetivos”.