O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira o alargamento da zona piloto para energias renováveis oceânicas, de forma a viabilizar o desenvolvimento do projeto de energia eólica Windfloat ao largo de Viana do Castelo.
“O Governo aprovou a resolução que define um conjunto de medidas com vista à atualização do regime jurídico da Zona Piloto para energias renováveis oceânicas. Pretende-se a viabilização do projeto Windfloat, de energia eólica ‘offshore’, o que implica o alargamento do âmbito da Zona Piloto”, informa o comunicado do Conselho de Ministros de hoje.
Segundo refere, o projeto Windfloat faz parte da Estratégia Industrial para as Energias Renováveis Oceânicas, cujo objetivo principal é “criar as condições para a emergência de um novo ‘cluster’ industrial exportador, com o potencial de gerar até 2020 o volume de 280 milhões de euros em valor acrescentado bruto, 254 milhões de euros de investimento e 1.500 novos empregos diretos, com uma contribuição para o crescimento da balança comercial de 118 milhões de euros”.
Coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, o WindFloat é desenvolvido por um consórcio que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos, e é um projeto pioneiro a nível mundial de exploração do recurso eólico em águas profundas.
Esta tecnologia permite a exploração do potencial eólico no mar, em profundidades superiores a 40 metros, assentando no desenvolvimento de uma plataforma flutuante semissubmersível e triangular, com origem na indústria de extração de petróleo e de gás, onde assenta uma turbina eólica com vários megawatts (MW) de capacidade de produção.
Para a conceção e construção de um protótipo foi montada uma turbina eólica de dois MW, tendo este sido depois instalado ao largo da costa portuguesa, perto de Aguçadoura, na Póvoa do Varzim, e ligado à rede elétrica em 2011. Após cinco anos no mar, o WindFloat concluiu, no final do ano 2016, a fase de testes.
O projeto – o primeiro de instalação de turbinas eólicas ‘offshore’ em todo o mundo que não implicou a utilização de pesados sistemas de construção e montagem no mar – terá agora continuidade uns quilómetros a norte, em Viana do Castelo, onde será instalado o primeiro parque eólico ‘offshore’ flutuante com base nesta tecnologia.
No passado dia 06 de janeiro, o jornal Público noticiou que o Governo “foi forçado a pedir adiamento dos prazos do Windfloat à Comissão Europeia, depois de a EDP ter ameaçado sair com receio de perder os fundos comunitários de 30 milhões de euros”.
“O futuro do Windfloat está neste momento nas mãos da Comissão Europeia, a quem o Governo pediu autorização para que se adiassem os prazos de entrada em produção do parque, que deveria acontecer até ao final de 2019”, escreve o Público.
“Isto porque – acrescenta – o risco de falhar este calendário e de se perderem assim os 30 milhões de euros de fundos comunitários aprovados em 2012 ao abrigo do Programa NER 300 fez com que os promotores ameaçassem deixar cair um projeto para onde o Estado já canalizou cerca de dez milhões de euros”.
A 26 de outubro do ano passado, a Câmara de Viana do Castelo já tinha solicitado ao Governo que encetasse todos os procedimentos com vista ao cumprimento dos prazos previstos para a construção do parque eólico flutuante ao largo daquele concelho.