A bienal de artes deu projeção internacional a Vila Nova de Cerveira que, em 30 anos, passou de concelho eminentemente rural a centro de atração, aproximando-se da Galiza com a ponte sobre o rio Minho.
O pintor Henrique Silva – que dirigiu a bienal em sete edições consecutivas, entre 1995 e 2007, e, após um interregno, regressou à direção artística entre 2013-2015 – lembra que o certame atravessou “quatro presidentes de Câmara, de partidos diferentes”, sendo que “todos manifestaram vontade de a perpetuar”.
“É uma coisa única no país. Foi um casamento feliz entre o poder político e os artistas que resultou na afirmação da bienal a nível internacional, sendo hoje conhecida do Japão aos Estados Unidos da América”, sublinha.
Jaime Isidoro, pintor já falecido, e o escultor José Rodrigues foram outros dos impulsionadores da bienal mais antiga do país, que se realiza desde 1978.
Quando chegou à liderança da Câmara Municipal, em 1990, com 30 anos de idade, o socialista José Manuel Carpinteira decidiu recuperar o projeto que se encontrava parado há vários anos.
“Percebemos que era importante retomar as bienais, não só para Vila Nova de Cerveira, como para o Alto Minho”, diz.
A exposição foi relançada em 1992 e viria a atingir, entre 2011 e 2013, “o maior volume de investimento público e de visitantes alguma vez alcançado”.
“Nesse período, conseguimos 800 mil euros de fundos comunitários e recebemos mais de 100 mil visitantes”, afirma o engenheiro químico que liderou os destinos do município durante 24 anos.
Quando o ex-autarca saiu da Câmara em 2013, com 54 anos de idade, a bienal “estava consolidada” e era “um elemento diferenciador relativamente aos outros concelhos do Alto Minho.
“Na concorrência com os outros municípios da região, a aposta na cultura e na arte é o nosso motor de desenvolvimento”, sustenta José Manuel Carpinteira, responsável pela constituição, em 2010, da Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC).
Atual deputado eleito pelo Alto Minho e presidente do PS na região, Carpinteira realça, também, a importância da ponte internacional sobre o rio Minho “na aproximação do concelho ao grande mercado da Galiza”.
A ponte, cuja construção “complicada” foi concluída em 2004, “veio projetar uma vivência secular que tínhamos com aquela região e, em especial, com os nossos vizinhos de Tomiño”, frisa.
No mesmo sentido, o atual presidente da Câmara, Fernando Nogueira, eleito em 2013 na lista independente “Pensar Cerveira”, destaca tanto o papel da bienal, que “colocou o concelho no mapa”, como a abertura da ponte da “Amizade”, como foi batizada.
“A ponte veio gerar uma nova dinâmica na relação entre os dois povos, que se faz hoje de Espanha para Portugal e não o inverso”, afirma, acrescentando que “os portugueses, essencialmente, vão a Espanha por causa dos preços dos combustíveis”.
Nogueira, que durante quase duas décadas foi vereador e vice-presidente da autarquia, sempre pelo PS, partido do qual se desfiliou em 2013, na sequência de um diferendo sobre a escolha do candidato socialista à Câmara de Vila de Nova de Cerveira, defende o conceito da “desfronteirização” da “euro-região”.
“O conceito que queremos implementar é um destino, dois países, valorizando o rio Minho como um elemento aglutinador de desenvolvimento de diversas vertentes”, frisa, apontando baterias para o aproveitamento do potencial turístico.
“O turismo é o petróleo da nossa região que, não tendo outros recursos naturais fortes, tem de explorar o potencial turístico”, diz.
A travessia permitiu, ainda, delinear “um futuro conjunto” com Tomiño “através da partilha de serviços públicos, de projetos de cooperação cultural, desportiva, urbanístico e ambiental”.
A previsão de investimento de Vila Nova de Cerveira em projetos conjuntos para os próximos quatro a seis anos, alguns já candidatados ao Portugal 2020, ronda os cinco milhões de euros.
A criação de um ecoparque transfronteiriço, ligado por uma ponte pedonal sobre o rio Minho, já está em marcha. Terá uma área total de 15 hectares, resultado da união do parque de lazer do Castelinho, em Vila Nova de Cerveira, e do espaço fortaleza de Goián, em Tomiño.
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